Ao elaborar um orçamento público, o gestor responsável sempre tem uma tarefa árdua pela frente. Trata-se de priorizar ações dentro de uma série de necessidades da sociedade e vários instrumentos participativos já foram implantados no Brasil, no sentido de auxiliar nessa tarefa.
Contudo o que se vê geralmente é a defesa de interesses próprios. Aqueles que participam estão inseridos numa lógica de ação pautada no ganho privado: a creche na minha rua/bairro; a instalação da empresa no meu município para gerar emprego; e assim por diante.
O mais cruel, no nosso ponto de vista, é a lógica reversa quando se tratam de problemas ao invés de ganhos. E a política internacional nos tem dado as demonstrações mais monstruosas nesse sentido.
A Inglaterra não está aceitando os imigrantes africanos e do Oriente Médio, pois não faz parte da zona livre do euro (como se isso apagasse sua história frente à sua política de colonização); as nações das Américas do Norte, Central e do Sul até agora não se mobilizaram para oferecer ajuda – a ideia do problema no continente deles impede aqui o acolhimento de refugiados de lá (afinal, temos os nossos próprios problemas, não é assim que pensamos?).
Os exemplos citados podem parecer muito distantes, mas essa cultura do deles versus nosso/meu está muito presente na definição das prioridades nos orçamentos públicos. Seria bastante salutar superar essa lógica (sqn) no momento em que há o debate em relação ao Orçamento do Brasil para 2016, que pela primeira vez foi apresentado com déficit.
Onde cortaremos? Infelizmente a definição ainda passará pelos critérios do meu/seu, onde o meu é preservado e o seu é cortado.