O início da década de 1980 foi pura efervescência nos movimentos social e comunitário da Serra.
A população organizada parecia finalmente acordar para a triste realidade: a cidade não estava devidamente preparada para receber os grandes projetos industriais. As obras de implantação da CST, hoje Arcelor Mittal, e de novas usinas de pelotização da Vale, além de outros projetos em cidades vizinhas, expuseram essa dura realidade.
Os governos não anteviram a necessidade de infraestrutura adequada. Faltavam escolas, hospitais, serviços públicos e sobravam problemas. As poucas associações comunitárias organizadas foram pegas de surpresa. Reagiram. Com o apoio de partidos de esquerda e das atuantes Ceb’s (Comunidades Eclesiais de Base), em 1982 nascia a Fams (Federação das Associações de Moradores da Serra), uma preciosa ferramenta popular a serviço das comunidades no embate com a prefeitura por melhores condições de moradia. 35 anos depois essa história pode estar encaminhando para o seu final. Eleição realizada no dia 9 de abril colocou a entidade no “colo” da administração. Que outra definição possível, se a presidência é ocupada por um secretário adjunto da prefeitura?Aliás, o fato é recorrente, embora não deveria.
Em 2010 Vanuza Petri, então secretária municipal, presidiu a Fams. Nenhum dos casos é exemplo a ser seguido. Todos perdem com isso, principalmente as comunidades.Suas reivindicações não terão a mesma força, embora alguns pensem o contrário. Perde também o poder público, pelo mascaramento ufanista ante suas realizações. Veremos mais fechamento da BR 101 como forma de mostrar serviço e faixas – muitas faixas- agradecendo por algo que não passa de obrigação da prefeitura. E só. A exemplo da moribunda discussão do Orçamento Participativo, e se assim continuar, a Fams pode estar a caminho de um imerecido fim.