O ENEM, que acontece dias 3 e 10 de novembro em 2024, é uma fase desafiadora para qualquer aluno, mas para aqueles que enfrentam ansiedade pode ser ainda mais estressante. Pensando nisso, Tempo Novo conversou com neuropsicóloga a respeito.
A neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto, que atende crianças, adolescentes e adultos neurodivergentes, com TDAH, dislexia ou autismo, lembra que os desafios podem ser ainda maiores para estes estudantes. “As palavras de incentivo e apoio, mesmo ditas com boas intenções, podem aumentar a pressão e agravar a ansiedade em vez de ajudar. Entender o que evitar dizer é fundamental para proporcionar um ambiente mais acolhedor e de suporte emocional”, destaca.
Abaixo, ela explica 10 frases que podem impactar negativamente um aluno ansioso ou neurodivergente e como substituí-las por abordagens mais empáticas e eficazes.
1. “Relaxa, vai ser fácil”
Esta frase minimiza os desafios que o aluno pode estar enfrentando, especialmente para aqueles com dificuldades específicas, como dislexia ou TDAH. Para alunos neurodivergentes, a prova pode ser ainda mais desgastante sensorialmente.
Alternativa: “Você se preparou bem, e faremos o possível para que o ambiente da prova seja confortável para você.”
2. “Se você não passar agora, pode tentar de novo ano que vem”
Sugerir a possibilidade de falhar antes mesmo da prova pode gerar uma sensação de fracasso iminente, principalmente para alunos que já estão ansiosos. Para neurodivergentes, que muitas vezes enfrentam autocrítica exacerbada, isso pode ser ainda mais prejudicial.
Alternativa: “Vamos focar no presente e dar o nosso melhor agora.”
3. “Todo mundo está passando por isso, você não é o único”
Embora seja uma tentativa de normalizar a situação, essa frase pode fazer com que o aluno se sinta isolado em suas dificuldades. Para neurodivergentes, que podem processar estímulos de forma diferente, essa comparação é ainda mais desmotivadora.
Alternativa: “Sei que essa situação é desafiadora para você, e estamos aqui para te apoiar.”
4. “Não se preocupe tanto, é só uma prova”
Alunos com ansiedade podem não conseguir “desligar” suas preocupações tão facilmente. Dizer isso diminui a importância que eles atribuem à prova e pode piorar a ansiedade.
Alternativa: “Eu entendo que isso é importante para você. Vamos fazer o que está ao nosso alcance para que tudo corra bem.”
5. “Você estudou o suficiente? Tem certeza?”
Questionar a preparação do aluno, especialmente antes da prova, pode aumentar as dúvidas e inseguranças. Para alunos neurodivergentes, que já podem enfrentar dificuldades em organizar e medir seu estudo, essa frase pode gerar pânico.
Alternativa: “Você tem feito o seu melhor, e isso é o que mais importa agora.”
6. “Se você não for bem, vai decepcionar muita gente”
Esse tipo de comentário coloca uma pressão emocional desnecessária, especialmente para aqueles que já estão ansiosos.
Alternativa: “O mais importante é que você se orgulhe do esforço que colocou até aqui.”
7. “Não se esqueça de tudo que você estudou!”
Essa frase pode gerar ainda mais ansiedade, especialmente para alunos com TDAH ou outros transtornos que interferem na concentração. O medo de “dar branco” pode ser paralisante.
Alternativa: “Confie no que você aprendeu e use as estratégias que praticamos para lembrar.”
8. “Se não passar, pode sempre tentar outra carreira”
Para muitos alunos neurodivergentes, lidar com a ideia de um “plano B” pode ser difícil, já que eles podem ser menos flexíveis com mudanças e têm uma visão mais fixa do que desejam.
Alternativa: “Vamos focar em fazer o melhor agora, sem nos preocuparmos com o que vem depois.”
9. “Prova longa é chata mesmo, vai ser cansativo”
Essa frase reforça o lado negativo da prova, especialmente para neurodivergentes, que podem se cansar mentalmente muito mais rápido em ambientes sobrecarregados de estímulos.
Alternativa: “Se sentir que precisa de uma pausa mental, use suas técnicas para se reenergizar.”
10. “Fulano passou com facilidade, você também consegue”
Comparar um aluno ansioso com outro pode ser extremamente prejudicial. Cada aluno tem suas próprias habilidades e dificuldades, e essas comparações aumentam a pressão.
Alternativa: “Cada pessoa tem seu jeito de aprender e lidar com a prova, e eu acredito no seu jeito.”
“Quando apoiamos os alunos antes do ENEM, precisamos usar uma comunicação empática e cuidadosa. Entender que eles podem processar a pressão e as emoções de forma única permite criar um ambiente de maior confiança e segurança”, completa Bárbara que destaca ainda: “Evite frases que possam aumentar a ansiedade e, em vez disso, ofereça encorajamento baseado no esforço e nas adaptações que respeitam suas necessidades. Dessa forma, você não só reduz o estresse, como contribui para um melhor desempenho emocional e acadêmico”, finaliza.