A cunha que o prefeito Audifax (PSB) cravou no PMDB com a filiação de Silas Maza e na escolha do vereador Luiz Carlos Moreira para ser o seu líder na Câmara, além da abertura de espaço na administração municipal para quadros da legenda, pode ter servido de inspiração para seu principal adversário, o ex-prefeito e deputado federal, Sérgio Vidigal (PDT) fazer o mesmo no PSDB.
Depois de avaliações internas, o alto tucanato do Estado chegou à conclusão de que o partido precisava de um choque de ânimo na Serra para que a sigla voltasse aos áureos tempos de Motta e de João Miguel Feu Rosa. Por isso a cúpula estadual resolveu abrir o partido para novas filiações.
O que dá para entender é que Vidigal aproveitou a oportunidade e resolveu enviar para o ninho tucano pessoas da sua relação, como a ex-vice-prefeita Madalena Santana e o delegado de polícia Joel Lyrio, além de convidar outras lideranças que são pré-candidatas a uma vaga na câmara municipal em 2016.
Audifax tem um trunfo que Vidigal não tem e que dá a ele uma gerência maior no PMDB do que seu rival no PDSB: os votos em Vitória. Em 2010, quando disputou a eleição de deputado federal, Audifax foi o candidato mais votado na Capital, ganhando inclusive dos candidatos locais. Resultado que Vidigal não conseguiu repetir.
É nesse nicho eleitoral que o PMDB está de olho, para ver se transfere para o seu futuro candidato a prefeito, que tudo leva a crer que será o deputado federal Lelo Coimbra.
Na outra ponta ainda não está muito claro qual o tamanho da cunha de Vidigal no PSDB. Se depender da relação dele com o vice-governador, Cesar Colnago (PSDB) será grande. Mas lá tem Max Filho, que aposta em outros nomes. E tem também o ex-prefeito João Baptista da Motta, outro obstáculo que deve dificultar a entrega do partido na Serra para aliados de Vidigal.
Madalena, Vandinho, Valter e o PSB
Há um sentimento de decepção muito grande entre lideranças do PSB, sobretudo os mais antigos, com a ex-vice prefeita Madalena Santana. Ela saiu do partido, depois de 27 anos, indo filiar-se no PSDB, a pedido do ex-prefeito Sérgio Vidigal (PDT).
Os mais antigos e próximos de Madalena viram na atitude dela um oportunismo muito grande e a todo o momento questionam se ela teria atendido ao pedido de Vidigal se Casagrande tivesse sido reeleito.
Eles também não concordam com a justificativa de Madalena, que seria a impossibilidade de militância na Serra, em função das divergências com o prefeito Audifax. Para eles, Madalena já não militava na Serra há pelo menos quatro anos.
Já a situação de Vandinho é uma verdadeira encruzilhada. Ele se indispôs com todo o PSB, do local ao estadual, mas estrategicamente o partido não tem dado respostas públicas para que ele não tenha motivos para pedir na Justiça Eleitoral a sua desfiliação, sem perder a condição de primeiro suplente, uma vez que Paulo Foleto reúne grandes chances de vencer a corrida para a prefeitura de Colatina em 2016.
Fora isso, Vandinho tem uma dívida de campanha registrada no TRE, de quase R$ 300 mil. O partido assumiu, mas já anunciou que pode deixar de pagar, caso Vandinho saia. Pesa também contra ele a maneira de fazer política, considerada muito individualista.
Muitos socialistas históricos têm se mostrados leais ao ex-governador Renato Casagrande. Mas um em especial está surpreendendo, tendo em vista a sua relação de amizade com Vidigal. É Sargento Valter, que todos apostavam que deixaria o partido, junto com Madalena, para atender ao pedido do ex-prefeito.
Valter além de se manter firme no partido, absorveu que o momento é do prefeito Audifax e do deputado estadual Bruno Lamas.