Por Eci Scardini
O vereador Gideão Svensson (PR) contrariou a todas as expectativas do meio político ao manter a sua pré-candidatura para prefeito da Serra. Ele falava que seria candidato e ninguém levava a sério, pelo contrário, longe dos seus olhos e ouvidos, muitos atores políticos tiravam sarro, menosprezaram a sua intenção, zombavam da ideia. Muitos diziam que, no fundo, Gideão se posicionava como pré-candidato esperando um convite de Sérgio Vidigal (PDT) para acomoda-lo em uma chapa proporcional de modo a garantir a sua reeleição.
O tempo passava, Gideão mantinha a sua postura inalterada. E os comentários jocosos sobre ele também permaneciam. Muitos desses comentários chegavam aos ouvidos do vereador, que se manteve calmo, tirando por menos. Gideão garantia que tinha o aval do presidente do PR, o senador Magno Malta para a sua candidatura, enquanto o mercado esperava, a qualquer momento, uma ordem de Magno para o PR coligar com Vidigal.
A maior parte desses comentários vieram (e ainda vêm) de dentro da própria Câmara, de seus pares vereadores e de seus assessores, dando a entender que há uma parcela de inveja quando algum parlamentar ousa um voo mais alto. Em se tratando de Gideão, a vontade mesmo de seus colegas de Câmara era a de que ele nem mesmo viabilizasse uma coligação, para não ter chance de ser reeleito. Com postura independente, Gideão não economizou críticas nem mesmo à Câmara em diversos momentos dessa legislatura, como nos episódios dos carros oficiais e do ponto eletrônico para comissionados dos vereadores.
Para viabilizar sua pré-candidatura sentou na mesa de negociação com Osvaldino (PRTB), com Vandinho Leite (PSDB), com Flávio Serri (PR), com o pessoal do PMB e com Nicodemus Venturini (PPL). Mas nada avançava, sempre havia a desconfiança que no último instante Gideão desceria para disputar a reeleição de vereador.
Osvaldino, que também era pré-candidato a prefeito, foi o único que não perdeu o contato com Gideão. Até que se entenderam e na última sexta (05) anunciaram a aliança, com Gideão encabeçando a chapa e o PRTB indicando a advogada Márcia Dim Dom como vice.
Sérgio Vidigal como inspiração eleitoral
Gideão não perde ao trocar uma reeleição garantida para vereador, por uma candidatura a prefeito, onde a perspectiva de vitória é mínima. Pelo contrário, ele mostra que tem coragem e projeto político.
Quem teve a mesma postura em 1996 é hoje o todo poderoso Sérgio Vidigal, dono de uma biografia vitoriosa na política local. Vidigal se elegeu vereador em 1988, tendo como prefeito José Maria Feu Rosa e Adalton Martinelli (que completou o mandato em virtude do assassinato de Feu Rosa). Foi um vereador combativo, de oposição, ganhou grande destaque na ocasião, além do carisma pessoal e do trabalho como médico voluntário.
Em 1992 a reeleição de Vidigal para a Câmara era líquida e certa. Ele falava que ia ser candidato a prefeito, em uma disputa que envolvia o ex-prefeito João Baptista da Motta contra a viúva Penha Feu Rosa. Uma derrota anunciada. Ninguém acreditava.
Dito e feito. Vidigal foi candidato a prefeito, ficou em terceiro lugar e Motta foi o eleito. Terminado o mandato de vereador, o então governador, Albuíno Azeredo convidou Vidigal para ocupar a sub-secretaria de Estado da Saúde, onde ficou por um ano e seis meses.
Em 1994 Vidigal foi eleito deputado estadual, sendo o mais votado na Serra. Na Assembleia manteve uma postura crítica e de oposição ao prefeito Motta, enquanto via crescer as suas chances para a prefeitura da Serra, em uma eleição que se avizinhava.
Por fim, em 1996, Vidigal sagra-se prefeito da Serra, desbancando um remanescente da tradicional família Feu Rosa, João Miguel, deputado federal. Daí para cá, a história de Vidigal já se tornou conhecida. Agora é a vez de Gideão tentar fazer história.