Em um parecer divulgado nesta última segunda-feira (08) a Comissão de Acompanhamento Legislativo e Direito Constitucional da OAB-Serra (17º subseção) atestou que o Jornal Tempo Novo teve seu direito à liberdade de imprensa violado pela Câmara da Serra na sessão ordinária do dia 13 de julho/2022, quando dois jornalistas foram impedidos de adentrar ao plenário da Casa de Leis; fato nunca ocorrido em 38 anos de atividades jornalísticas.
Naquela sessão, os ânimos políticos estavam exaltados devido a uma disputa de grupos em torno da proposta de antecipação da eleição interna da Câmara da Serra. Houve manobras de ambos os lados e a presença jornalística do Tempo Novo poderia gerar constrangimento para os vereadores.
Após o Tempo Novo reportar os fatos, a OAB levou o caso para análise da Comissão correspondente; no parecer, a instituição ressalta que “nem mesmo os particulares podem impedir a atividade da imprensa (obviamente com a condicionante de que esteja ela agindo dentro do quadrante da legalidade), e com maior razão também não o pode fazer o Poder Público, que se submete a princípios constitucionais como o da publicidade”.
No mesmo dia 13 de julho, a Câmara da Serra veio a público, disse o atual presidente Rodrigo Caldeira é a favor da liberdade de imprensa e se fez valer do Regimento Interno para justificar o cerceamento aos jornalistas. Regras das quais nunca foram seguidas nem pela atual gestão da Câmara e nem por nenhuma outra nos últimos 38 anos.
O Regimento diz que é preciso credenciamento de agentes de imprensa para o acompanhamento dos trabalhos legislativos (que nunca foi pedido e no dia dos fatos, sequer foi oportunizado aos jornalistas); citou também o Art. 184. do qual determina que somente os vereadores poderão permanecer na parte do recinto do Plenário – outro item nunca antes cumprido; e afirmou que os jornalistas poderiam acompanhar a sessão pela galeria, que estava lotada de assessores aos gritos.
A OAB analisou as justificativas da Câmara da Serra e concluiu que tais normas são constitucionais, porém ressaltou que a galeria não é adequada tecnicamente para o exercício da função jornalística; citou também a falta de espaço reservado para a imprensa realizar o trabalho sem sofrer com a intervenção; e lembrou que há o costume “já sedimentado de se permitir que agentes da imprensa estejam presentes no Plenário, justamente por conta da má estrutura da Galeria no que se refere à viabilidade dos trabalhos jornalísticos”.
Concluindo que apesar do Regimento Interno possuir normas específicas para o trabalho jornalístico, na prática elas são inaplicáveis e lesam a atividade da imprensa: “tais normas do Regimento Interno caíram em desuso por conta da própria conduta da Câmara dos Vereadores (que não pode agora exigir seu cumprimento estrito, sob pena de incidir em comportamento contraditório)”, disse o parecer.
O documento segue afirmando que “não há local adequado para que os profissionais da imprensa exerçam seu labor, de modo que não havendo tal espaço, e impossibilitando-se o ingresso no Plenário, resta frustrada a atividade da imprensa, e por via de consequência violada a liberdade de informação”.
E completa: “Assim, entende a Comissão de Acompanhamento Legislativo e Direito Constitucional que no caso concreto, por conta do contexto fático que o revolve e dos costumes já sedimentados acerca da possibilidade de ingresso de jornalistas no Plenário, somando-se isso ao fato de que a galeria é local impróprio para o adequado desenvolvimento do trabalho jornalístico, houve violação à liberdade de imprensa”.
Além de defender que houve efetivamente violação à liberdade de imprensa, o documento propõe que seja criado o procedimento de credenciamento de jornalistas, dando-se efetividade à norma contida no art. 30, XIV, do Regimento Interno da Câmara de Vereadores da Serra.
Enquanto tal procedimento não é criado, a OAB defende que seja garantido o acesso de jornalistas ao Plenário; e após o credenciamento passar a ser utilizado, que seja estabelecido número máximo de jornalistas que podem ingressar no Plenário, garantindo-se aos demais um local adequado para realização dos trabalhos: “entendendo-se por local adequado um ambiente sem algazarras, falatório e/ou tumultos provocados por terceiros que acompanham às sessões legislativas”, detalhou.
A OAB também recomenda que caso a Câmara não cumpra com as propostas elencadas, o Jornal Tempo Novo, ou mesmo as Associações de Classe (dos jornalistas), devem ingressar com mandado de segurança ou mandado de injunção perante o Poder Judiciário.
Aloísio Santana que presidiu a Câmara de Vereadores entre os anos de 2007 e 2008 disse que tais regras nunca foram utilizadas e que a Câmara jamais proibiu jornalistas de adentrarem o plenário.
“Isso não existe! Cercear a imprensa de fazer o seu trabalho, pra mim soa como uma coisa muito grave e é sinal de que estão querendo esconder alguma coisa por baixo do pano. Acho isso uma situação extremamente preocupante. No meu tempo era porta aberta, não só para imprensa como para a população, que encontrava a porta aberta no gabinete do presidente. Aquela recepção virou exposição de artista. Enfim, acho isso ridículo, revoltante”, disse Aloísio.
O ex-presidente ainda completou: “É um absurdo. Isso nunca aconteceu enquanto fui presidente. E fui presidente várias vezes. Isso nunca aconteceu na história da Serra, chega a ser um retrocesso muito grande porque nós devemos ter mais democracia e acesso à informação, porque a democracia só existe com informações da imprensa”.
Adir Paiva foi presidente da Câmara da Serra entre 2005 e 2006. Ele também se posicionou contrário ao impedimento da entrada da imprensa. “[Isso é] Um total desrespeito a um conceituado veículo de comunicação do nosso município. Uma afronta ao direito de informação. Na minha administração as portas da Câmara foram abertas à imprensa”, contou.
Outro ex-presidente, Miguel Arino, considerou um absurdo. “Acho um absurdo proibir a imprensa de divulgar as coisas. Na minha época não tinha isso; a imprensa tinha livre acesso a tudo na Câmara; a população tem que saber o que acontece lá. A imprensa tem que ter acesso a tudo que é lugar. É aquela história, os tempos são outros, a gente até estranha essa posição. Acho que precisam repensar e respeitar o Tempo Novo, que é um patrimônio do nosso município”, disse Miguel.
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