Com 12 anos de atraso e R$ 14 milhões de dinheiro público desperdiçado, a obra da escola Aristóbulo Barbosa Leão (ABL), na Serra, ganhou uma ‘festa de aniversário’ neste domingo (12). A nova construção deveria ter sido entregue em janeiro deste ano, o que não aconteceu, e o Governo do Estado já assumiu não ter prazo para a entrega.
A ‘festa de aniversário’ – que de comemoração não teve nada – foi realizada de forma irônica por jovens do Movimento Brasil Livre (MBL) do Espírito Santo. A manifestação aconteceu na frente do terreno onde o novo prédio da escola está sendo construído, em Parque Residencial Laranjeiras.
Erik Zannon, coordenador do MBL no Estado, afirmou que a cobrança foi feita de forma divertida para tentar chamar atenção dos moradores e do Governo do Estado. Ele ressaltou ainda que a construção deveria ter sido entregue em 2014, mas agora já está para 2024.
“Com mais um atraso, ficamos completamente indignados e decidimos fazer a cobrança de uma forma divertida: com uma festa de aniversário para os 12 anos desta novela que é a construção da Escola Aristóbulo Barbosa Leão”, disse.
O coordenador ainda afirmou que houve conscientização da população sobre os valores já gastos com a obra. “Além disso, conscientizamos a população sobre o custo da construção e do aluguel do local provisório, que juntos já passam de R$ 22 milhões”, acrescentou.
Além de Erick, outro coordenador do MBL, Victor Cesar, também participou da manifestação.
No dia 27 de fevereiro, o Jornal Tempo Novo divulgou que o Governo do Estado não tem um prazo definido para entregar a construção do ABL. De acordo com o Departamento de Edificações e de Rodovias (DER-ES), será necessário, no mínimo, mais um ano de espera para conclusão dos serviços.
O prazo, porém, pode ser ainda maior, já que novos serviços serão licitados pelo Estado para que a construção consiga avançar.
A obra foi iniciada nos últimos meses de 2020, pelo Governo do Estado, mas começou a ganhar forma somente nos últimos meses de 2021, quando, de fato, houve movimentação de obras no local. Em 2022, prosseguiu a ‘passos de tartaruga’. Agora, em 2023, segue lenta, mas em andamento.
No terreno, situado praticamente em frente ao Shopping Laranjeiras, em Parque Residencial Laranjeiras, é possível observar que, até o momento, apenas as estruturas metálicas – que compreende boa parte da estruturação do prédio principal – foram implantadas no local.
Assim que entregue, a nova sede da escola deve contar com 20 salas de aula comuns, um laboratório de informática, um laboratório comum, biblioteca, Centro de Idiomas, sala de dança, sala de música, quadra esportiva, duas miniquadras e um auditório.
A área do ABL, em Laranjeiras, tem 46 anos e começou a ser reformada em 2012. O custo divulgado na época era de R$ 9 milhões, e a reforma deveria ter sido entregue em julho de 2014. Porém, as obras foram paralisadas naquele ano. O motivo, de acordo com o extinto Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes), é que a empresa contratada para executar o serviço faliu e abandonou o trabalho.
Logo no início das obras em 2012 os alunos foram levados para um espaço provisório onde funcionava uma faculdade em Jardim Limoeiro, ao lado do cruzamento entre as rodovias Norte – Sul e ES 010. Ao longo desses anos, o prédio vem sendo motivos de queixas e protestos de estudantes, que alegam falta de estrutura. Dentre eles, espaço precário para educação física, ausência de ar condicionado, ventiladores e parte elétrica com problemas constantes, além dos riscos de assaltos nas redondezas.
O espaço alugado, em Jardim Limoeiro, custava, em 2019, cerca de R$ 80 mil de aluguel por mês aos cofres públicos. Até aquele ano, já haviam sido gastos cerca de R$ 5 milhões somente em aluguel. Os valores atualizados não foram divulgados pelo Governo do Estado.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) solicitando informações sobre o contrato de aluguel, mas a demanda não foi respondida. Os dados também não estão públicos no Portal da Transparência do Espírito Santo.
Enquanto as obras não andavam, o prédio do ABL, em Laranjeiras, ficou abandonado por quatro anos e foi demolido pelo Governo do Estado no final de 2018. Na época, o então secretário da Educação de Paulo Hartung, Haroldo Rocha, afirmou que o espaço estava sem ‘boas condições’ para continuar a reforma. A demolição custou R$ 290,7 mil.
Questionado sobre os valores gastos nas obras e os atrasos, Haroldo sugeriu “pensar positivo” e prometeu que a obra estaria licitada até o final de 2018, o que não aconteceu.
Vale lembrar que foi demolido somente o prédio principal da escola, onde aconteciam as aulas. Foram mantidas da estrutura atual, a cozinha e áreas de apoio, refeitório coberto, área de serviços, vestiário, auditório e quadra poliesportiva.
Em 2020, o governador Renato Casagrande iniciou a obra do novo prédio. O investimento inicial era de R$ 12 milhões e o prazo da entrega era janeiro de 2023, o que não aconteceu.
Somando os valores da reforma não concluída, dos aluguéis pagos e da demolição, o Governo do Estado já gastou cerca de R$ 14 milhões com a escola que ainda não está pronta.
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