Num momento em que as políticas de proteção ao meio ambiente sofrem pesado revés no Brasil, fica ainda mais evidente a importância dos ativistas que dedicam suas vidas à preservação da natureza.
Na Serra, cidade que em poucas décadas deixou de ser vila bucólica para se tornar a mais populosa e industrializada do ES, se destaca a luta de alguns moradores pela proteção não só do que ainda sobrou de áreas preservadas como também pela melhoria da qualidade ambiental nos bairros onde vivem a grande maioria das pessoas.
Na região de Carapebus e Cidade Continental, gente como Marcelo Warung, Maria Aparecida Ferreira, Iberê Sassi, Anderson Muniz, dentre outros, que há anos atuam em prol da Área de Proteção Ambiental (APA) de Praia Mole e pela qualidade de vida dos que moram na região.
Menção também para a turma que articulou a Comissão de Meio Ambiente de Manguinhos (Com Manguinhos), que desde a década passada age pela proteção dos ricos recursos naturais ainda presentes naquele balneário. Incluindo aí o atual presidente da Associação de Moradores local, Guilherme Lima.
Como não esquecer da gente aguerrida na defesa do principal símbolo paisagístico da Serra, o Mestre Álvaro? Edson Reis, Júnior Nass, Rodrigo Roger, Bismarck Ferreira, Aloil Anchesqui, Felipe Ramos, Fernando Dadalto, dentre outras pessoas, que se dedicam em ações individuais ou através das ong’s Associação de Amigos do Mestre Álvaro, Guardiões do Mestre e Grupo de Proteção Ambiental Mestre Álvaro (GPAMA).
Alguns desses citados não titubeiam em arriscar suas próprias vidas para ajudar o Corpo de Bombeiros a apagar incêndios no Mestre Álvaro e noutros morros do entorno, como o da Cavada e o do Vilante. São também vozes em favor da preservação dos alagados do Mestre Álvaro. E olhos para fiscalizar se nas obras da nova rodovia do Contorno do Mestre Álvaro estão implantados os túneis de fauna, dentre outras medidas, para reduzir os impactos da via.
Na Grande Jacaraípe, a turma da Associação de Surf do Estado do Espírito Santo (Asees) faz trabalho exemplar de recuperação e proteção à restinga. Anderson ‘Negão’ Ferreira, Pablo Torres e Flávio Minotauro estão entre os articuladores dessa entidade. Também da região, Claudiney Rocha, soma forças com seu Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff).
Criador da Descida Ecológica do Rio Jacaraípe, Elton Alvim, foi um dos primeiros a chamar a atenção para a poluição da bacia hidrográfica totalmente serrana, que inclui as preciosas, porém castigadas, lagoas Juara e Jacuném. Há de se lembrar também de Neusso da Casa de Pedra. A força irradiada pelo seu trabalho, atraiu outros artistas para a região de Capuba, criando a Vila das Artes, local em que a estética das obras comunga com a sustentabilidade e ajuda a blindar florestas e águas que resistem por lá.
Em Nova Almeida, vale mencionar a sensibilidade das decanas Madalena Krieger e Gleicy Coutinho. E de toda turma de moradores que orbitava em torno de André Ruschi (1955-2016), um dos responsáveis pela redação do artigo 225 da Constituição de 1988, item que trata do Meio Ambiente. André morava em Santa Cruz, onde cuidava de uma reserva biológica e era filho do lendário cientista e ambientalista capixaba Augusto Ruschi (1915 – 1986), Patrono Nacional da Ecologia.
A homenagem neste Dia Internacional do Meio Ambiente é extensiva a todos os moradores que lutam pela preservação das áreas verdes de seus bairros. Que brigam para acabar com lixões clandestinos. Que cobram melhoria da qualidade do tratamento do esgoto para despoluir rios, lagoas e praias. Que pedem a redução do pó preto e de outros poluentes que tanto afetam a saúde respiratória.
A todas as pessoas da Serra que lutam pela proteção ao meio ambiente, citadas nominalmente ou não neste texto, a gratidão deste redator.