A circulação de alimentos e remédios, as operações policiais, o deslocamento de pacientes e do pessoal da saúde, entre outras atividades essenciais, dependem do transporte rodoviário. É aí que entra o papel das oficinas mecânicas, responsáveis pela manutenção de caminhões, carros e motocicletas.
E tal como outras atividades econômicas, as oficinas mecânicas também sentem os efeitos da pandemia da Covid-19. Mas garantem que seguirão trabalhando, adotando medidas para preservar empregos e a saúde de seus colaboradores. É o que afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do ES (Sindirepa), Eduardo Dalla Mura do Carmo.
Segundo Eduardo, com a pandemia a queda nos negócios das oficinas caiu pela metade ou até mais em alguns casos. “O impacto maior foi no serviço de reparos de colisões, hoje as oficinas estão operando em cerca de 40% do normal nessa frente. Há pouca demanda porque com menos veículos nas ruas, acontecem menos acidentes. As revisões caíram pela metade, o que se mantém um pouco mais são os serviços para os veículos continuarem circulando”, detalha.
Eduardo revela que alguns estabelecimentos chegaram a ter problema de abastecimento de peças no início da pandemia, mas o problema foi equacionado com a liberação, na semana passada, do funcionamento de lojas de autopeças e de concessionárias das 10h às 16h no ES. “Só quem comprava diretamente nos distribuidores não teve esse problema, pois lá não chegou a acontecer proibição do funcionamento”, acrescenta.
O presidente destacou ainda que, até a tarde desta quarta-feira (15), não havia notícia de que algum funcionário de oficinas capixabas tivesse testado positivo para a covid-19 e, por conseguinte, afastado do trabalho. O Sindirepa estima que haja 2 mil oficinas mecânicas atuando no Espírito Santo gerando 24 mil empregos diretos.
“Oficina não é lugar de aglomeração. Mesmo assim, o Sesi e o Governo do Estado fizeram uma cartilha com protocolos de higienização e hábitos para prevenção e estamos seguindo. Inclusive estamos comprando máscaras de pano para os mecânicos, pois as cirúrgicas estão em falta até mesmo para o pessoal da saúde”, explica Eduardo, destacando que decretos federal e estadual consideram as oficinas atividades de 1ª necessidade.
Ele diz ainda que o Sindirepa fez uma pesquisa na última segunda – feira (13) junto as oficinas espalhadas pelo ES e constatou que os proprietários de 95% delas disseram que seguirão trabalhando normalmente. Diante disso, Eduardo ressaltou que, por hora, não há risco de apagão dos serviços, lembrando que há estabelecimentos usando a Medida Provisória (MP) 936, que permite acordo entre patrões e empregados para redução dos salários ou suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias. O Governo Federal promete compensar as perdas dos trabalhadores.
Caminhões, carros e motos
É importante ressaltar grande parte das oficinas atuam para uma categoria específica de veículos. Há as que trabalham com mecânica pesada, cujo foco são veículos grande e a diesel, como os caminhões.
Nestas, Eduardo diz houve redução de quase 50% nos negócios. “A linha de circulação de caminhões para abastecimento de alimentos e remédios segue normal, mas houve queda e até paralisação total na frota que atende lojas, pois muitas delas estão fechadas. Então houve esse impacto nas oficinas”, avalia.
Para as oficinas de veículos leves, que além dos carros de passeio incluem manutenção em ambulâncias e viaturas, por exemplo, a queda na contração de serviços também foi pela metade, segundo Eduardo.
O presidente do Sindicato disse que as oficinas de moto foram as menos impactadas, pois a retração da diversos setores do comércio foi compensada pela explosão dos serviços de delivery, em grande parte feitos com motos. “Mesmo assim nas oficinas de motos os negócios caíram em torno de 30%”, observa.
Serra tem maior polo de manutenção e autopeças
Estimativa do Sindirepa aponta que Serra e Vila Velha tem o maior número de oficinas mecânicas do Espírito Santo. Mas na região de Jardim Limoeiro, no município serrano, está o principal polo automotivo, considerando a concentração de oficinas e lojas de auto e moto peças, segundo Eduardo.
O presidente do Sindirepa disse ainda que a Federação das Indústrias do ES (Findes) está fazendo novo levantamento sobre quantas oficinas estão ativas no Espírito Santo, e que após a conclusão desse trabalho conseguirá informar com precisão quantas delas ficam na Serra.