Por Bruno Lyra
Como se não bastasse o drama de ter suas casas inundadas pelas águas imundas da lagoa Pau Brasil, os moradores da parte baixa de Hélio Ferraz tiveram uma dor de cabeça extra: o óleo que vazou de uma estação de tratamento de resíduos da Vale, localizada no interior do Complexo de Tubarão.
Na manhã de hoje ainda havia casas alagadas. E uma equipe a serviço da Vale trabalhava no local, com barco e boias de contenção para impedir que óleo atinja a lagoa do Parque Botânico da empresa e chegue até a praia de Camburi, onde deságua o córrego principal desta microbacia hidrográfica.
Em nota a Vale disse que o vazamento de óleo foi em decorrência da chuva, que na região vizinha ao Complexo de Tubarão, no bairro Novo Horizonte, atingiu impressionantes 385 milímetros, o maior índice já registrado na história do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (Incaper).
Em nota a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), informou que está monitorando a situação e que está adotando as “providências necessárias”. Mas não detalhou que providências seriam essas e nem informou se a Vale será notificada e multada.
A reportagem procurou a assessoria do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), que até às 13hs desta segunda (03) não retornou os questionamentos.
Drama e protesto
Na manhã de hoje ainda havia casas inundadas com a água contaminada no bairro. Segundo o morador Weber de Araújo, cerca de 70 casas foram atingidas pela enchente que veio com óleo.
Indignados com a situação, cerca de 80 moradores fecharam a entrada da Vale na avenida Dante Micheline, em Jardim Camburi. Os moradores entendem que a inundação é por falta de limpeza na lagoa e no córrego que desce dela, cuja maior parte está na Vale. E também reclamam do óleo vazado.
A ação contou com o suporte de dois vereadores residentes no bairro: o presidente da Câmara Guto Lorenzoni(PP) e Tio Paulinho(PV). No início da tarde, desabrigados permaneciam no Centro Municipal de Educação Infantil(CMEI) “Bem-me-quer”.
Na casa de uma das moradoras, Aparecida Martins, ainda tinha água com óleo até a metade da residência. “Eu, meus três filhos, minha nora e meu marido estamos sem poder voltar. A Vale ficou de nos dar uma solução até sexta(07). Se não resolver, faremos mais manifestações”, alertou.
Recomendação
O presidente da Câmara Guto Lorenzoni, disse que vai enviar uma recomendação à Vale e ao Executivo Municipal para que arrumem solução definitiva para o problema da lagoa. Medida que será extensiva à Cesan.
Isso porque a empresa instalou rede de esgoto na região, que nas chuvas retorna e invade as casas, além de não ter melhorado a situação ambiental da lagoa. “Os moradores pagam um serviço à Cesan que deixa a desejar. Já a Vale tem que fazer o desassoreamento da lagoa como um todo para melhorar a vazão. E vamos acompanhar se o suporte que a Defesa Civil está dando aos moradores é adequado”, concluiu.
Moradores querem ressarcimento e pedem ajuda
Já o vereador Tio Paulinho disse que a Vale recebeu uma pauta de reinvindicação dos moradores contendo pedidos de ressarcimento das perdas materiais com o transbordamento da lagoa contaminada por óleo. “A Vale vai receber os moradores na sexta. Vamos ver se ela repõe os móveis e eletrodomésticos perdidos. E qual solução dará contra os alagamentos na lagoa”, pontuou.
Os desabrigados e aqueles que já conseguiram retornar para suas casas estão precisando de ajuda. As maiores necessidades são de alimentos não perecíveis, roupas e colchões. Doações podem ser feitas no próprio CMEI “Bem-me-quer” em qualquer horário ou com Elaine Gonçalves 99746 – 6811, que está dando suporte aos desabrigados. Com a colaboração de Anderson Soares e Conceição Nascimento