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Óleo já está em Nova Almeida e Jacaraípe e ameaça também água de serranos

Equipe coordenada pela Prefeitura da Serra recolheu fragmentos de óleo ontem (14) em Jacaraípe. Foto: Divulgação/Prefeitura da Serra.

Aconteceu. O petróleo que contamina há mais de dois meses a costa do Nordeste chegou às praias da Serra. Vestígios da substância foram coletadas ontem (14) em Jacaraípe e na manhã desta sexta-feira (15) foram vistos em Marbela, região de Nova Almeida. A informação é da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Serra (Semma).

Além dos impactos à vida marinha e à banhistas, a situação liga outro alarme: o do abastecimento de água das regiões da Serra Sede e Civit I, atendidas pelo rio Reis Magos. Isto porque as águas do mar podem adentrar o rio, em Nova Almeida, até o ponto em que a Cesan capta o líquido, em Putiri, zona rural.

Neste momento, equipe de fiscalização ambiental da Prefeitura da Serra monitora a região de Nova Almeida, incluindo a foz do rio Reis Magos.

A preocupação com os Reis Magos se justifica por uma situação ocorrida recentemente. No início de outubro, moradores da Serra Sede reclamaram que a água tratada distribuída pela Cesan estava salobra. Muitos moradores disseram ter passado mal ao consumir o líquido. Em novembro, a Cesan admitiu que mandou água com mais sal do que o permitido por lei e que problema foi causados pela invasão do mar no rio Reis Magos, que estava com baixa vazão na época. Se o mar com óleo subir o rio como há pouco mais de um mês, poderá haver contaminação da água da Cesan.

Questionada sobre o risco de contaminação com óleo e alternativas de abastecimento às regiões da Serra Sede e Civit I, a Cesan não respondeu. Neste momento o rio Reis Magos está com vazão muito elevada devido às fortes chuvas que atingem o ES, o que em tese pode reduzir a entrada de água do mar durante a maré cheia.

Em entrevista ao Tempo Novo na tarde da última quarta-feira (13) o coordenador do Comitê Operativo de Emergência (COE) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Gilton Almada, revelou que existe preocupação com a situação do rio Reis Magos. Segundo ele, o Reis Magos está sendo monitorado e o consumo de água deve ser imediatamente interrompido caso as manchas adentrem o rio e se aproximem da captação.

Na última terça-feira (12), o prefeito Audifax Barcelos disse que há equipe mobilizada com cerca de 100 pessoas para retirar o óleo das praias.

Do Instituto Brasileiro de Fauna e Flora, Claudiney Rocha, está na praia de Jacaraipe na manhã desta sexta – feira (15). Segundo ele, que também mora no balneário, as manchas encontradas ontem (14) foram recolhidas e levadas para análise em laboratório.

“As manchas apareceram perto de Capuba, no Rei do Quibe, lugar que o pessoal usa para esportes de areia. Teve um comerciante que também recolheu um fragmento do que parece ser óleo na praia em frente a Av. Guarani. Mas hoje (15) não foi visto nada na praia até agora”, conta Claudiney.

Desova de tartarugas

O ativista, que já trabalhou com o Projeto Tamar, disse que a situação é especialmente ameaçadora para tartarugas marinhas, que nesta época estão colocando ovos e já eclodindo os primeiros ninhos da temporada de defeso, que vai de setembro a abril.

No entanto vale lembrar que, nas praias do ES, só tem chegado fragmentos pequenos do óleo, não aquelas manchas maiores encontradas no Nordeste do país. “O maior perigo para as tartarugas aqui no ES é ingestão das borras e contaminação da água”, explica.

Ibama

Até às 11h desta quinta feira (15) o órgão ainda não havia atualizado o endereço onde publica informações sobre a dispersão do óleo pelas praias brasileiras. No ES, segundo publicação de ontem (14), o órgão federal informava que o ponto mais ao sul da contaminação era a Praia Formosa em Aracruz, distante 8,5 km da foz do rio Reis Magos, extremidade norte do litoral da Serra.

Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi

Fundado pelo cientista capixaba patrono nacional da ecologia que inclusive dá nome ao espaço, Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi (Ebmar) em Santa Cruz, Aracruz, também foi atingida.

Além de funcionar como centro de pesquisa, a Estação também preserva trechos de mata de restinga e praias com estruturas naturais de algas calcárias, protegendo enorme biodiversidade.

Em publicação na rede social da Ebmar na última quarta-feira (14), os gestores informam que fragmentos de óleo chegaram à praia local.

Redação Jornal Tempo Novo

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