A falta de chuva que afeta todo o Brasil e traz agravamento do risco de escassez hídrica em muitos estados também já está deixando autoridades capixabas em alerta. Prova disso é que a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) não descartou a possibilidade de medidas extremas diante de um cenário de seca nos rios que abastecem os moradores da Serra e de outros municípios do Estado.
E uma dessas medidas a serem adotadas pode ser o racionamento de água – quando bairros recebem o líquido em espécie de rodízio, ou seja, momento sim e noutro não. Nessa semana, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) afirmou que 27 municípios do estado já apresentam seca moderada, todos do Norte do Estado.
A Serra, no entanto, não se encontra nessa lista. O Incaper classifica o Município como ‘seca fraca’. Todos os demais municípios da Região Metropolitana também estão na mesma classificação. Com a falta de chuva, o ES enfrenta uma forte onda de calor. Nesta terça-feira (21), está prevista máxima de 34°C na Serra, de acordo com o Climatempo e não há previsão de chuva.
Por conta disso, a reportagem acionou a Cesan para saber sobre a possibilidade de racionamento em terras capixabas.
De acordo com a empresa, o abastecimento de água para a população está garantido nos municípios atendidos pela Cesan, entretanto, não é descartada qualquer medida diante da escassez hídrica. A empresa salienta ainda que não há risco de criticidade hídrica no Espírito Santo neste momento, mas pede colaboração da população.
“Mesmo sem risco de criticidade hídrica no Estado neste momento, é sempre importante lembrar que a população precisa adotar práticas responsáveis, fazendo uso consciente da água em todas as atividades, tanto na cidade quanto no campo”, disse.
A Serra é abastecida pelo Rio Santa Maria e pelo Rio Reis Magos. A situação dos dois mananciais ainda é amena, mas se aproxima da gravidade. A Agência Estatual de Recursos Hídricos (Agerh), afirma que a vazão dos rios do ES está, aproximadamente, 50% abaixo da média histórica.
O Santa Maria abastece cerca de 600 mil pessoas e sua vazão está em 3.500 litros por segundo (l/s), segundo informações da Agerh. O nível crítico, quando há grave risco para racionamento, é quando a vazão chega aos 2.895 litros por segundo. Essa marca preocupante chegou a ser registrada no dia 17 de setembro deste ano e quase atingida no final de agosto.
Vale ressaltar quem, além da Serra, o Santa Maria atende ainda a zona norte de Vitória, Praia Grande, em Fundão, e parte de Cariacica.
Já o Reis Magos, que abastece cerca de 150 mil pessoas da grande Serra Sede, não é monitorado pela Agerh. Dessa forma, não é possível dizer como está a situação oficial do rio.
Represa de Rio Bonito pode ser usada como escape para racionamento
Caso a situação piore e a seca se agrave no Espírito Santo, o Governo do Estado pode utilizar a Represa de Rio Bonito, em Santa Maria de Jetibá. Isso ocorreu na crise hídrica de 2015 para 2016, quando o então governador Paulo Hartung transformou a represa de Rio Bonito, que era usada para a produção de energia elétrica, em uma barragem para estocar água para o consumo humano.
Desde então, Rio Bonito segue como uma válvula de escape para impedir racionamento no arco hídrico que é abastecido pelo rio Santa Maria da Vitória. Sobre a situação da barragem, a Cesan afirmou que está dentro da normalidade e que seu uso é priorizado para o abastecimento humano.
Há dois meses, Cesan descartou racionamento de água; agora não mais
Em matéria publicada pelo Jornal Tempo Novo há dois meses, a Cesan afirmou que a vazão dos rios capixabas estava em queda, mas descartou racionamento na Serra e em outras cidades capixabas. Agora, a situação é mais complexa. Na ocasião, por exemplo, a vazão estava em 4,8 mil litros por segundo.