
Por Clarice Poltronieri
Quando o assunto é crise econômica, pouco se fala de como isso afeta a saúde mental das pessoas. Mas este é um momento em que aumenta a procura por atendimento em consultórios de psicologia e de psiquiatria. E para alguns especialistas, o ‘bombardeio’ de informações repetidas sobre a crise ajuda aumentar a frequência de doenças da mente, em especial os transtornos de ansiedade, que precedem a temida depressão.
É o caso da psiquiatra Magda Tellarolli, habituada a trabalhar com pacientes com transtornos graves. Ela atende na rede privada em Laranjeiras e Vitória. “De um ano para cá aumentaram os casos de transtorno de ansiedade e síndrome do pânico entre pessoas jovens, de 20 a 45 anos. E essas são as doenças do século. A depressão é uma consequência delas”, aponta.
Para ela, o excesso de notícias negativas sobre a crise é um dos fatores do aumento dos casos. “As notícias negativas aumentam a sensação de angústia e a depressão. Quando se houve a palavra crise o tempo todo, você assimila e acaba entrando em crise. Aconselho os pacientes a desligarem a televisão e olharem para coisas mais belas. A crise de 29 norte-americana deixou um mal estar por quase dez anos na população”, lembra.
Outra razão do adoecimento é o modo de vida moderno. “O consumismo e o culto ao corpo deixam as pessoas preocupadas demais e por fim, infelizes. Estamos no esgotamento da sociedade consumista. É preciso valorizar momentos e não coisas, ter menos obrigações e buscar uma vida mais simples, cultivar momentos com família e amigos”, indica.
A crise pode ainda aumentar o estresse pós-trauma, que aumentam junto à violência, e o consumo de drogas e álcool, onde as pessoas buscam fuga para os problemas.
A psicóloga Vanda Duarte que atende em Feu Rosa também entende que o clima de crise pode adoecer as pessoas. “Tem pouco tempo que as pessoas começaram a ficar desempregadas, mas se ficarem um período longo sem trabalho, isso pode afetá-las. A tendência é a demanda por profissionais da saúde mental crescer”, aponta.