O caso recente da capixaba de 10 anos que foi vítima de estupro e engravidou do próprio tio chocou nosso estado e o Brasil. Mas a pergunta que eu faço é: até quando meninas e mulheres serão vulneráveis a esse tipo de violência brutal?
O crime de estupro é o configurado como uma violência de gênero, isto é, um tipo de violência que afeta muito mais mulheres do que homens pois ela pode ser explicada como uma construção da nossa cultura machista e patriarcal.
O que acontece é que durante a nossa vida somos ensinados sobre o que é ser homem e o que é ser mulher. Os homens são incentivados a exercer sua força de dominação e poder sobre as mulheres, enquanto que de nós espera-se que sejamos delicadas, contidas, compreensivas e submissas às decisões das figuras masculinas em nossa vida.
Não nos foi dado o poder de decidir. Por isso fala-se tanto hoje sobre empoderamento feminino e este tema está longe de ser esgotado, pois ainda falta muita autonomia e independência paras as mulheres.
Quando um homem se sente no direito de forçar uma relação sexual não consentida por uma mulher, ele está buscando exercer o que ele entende como ser “macho”. Existe uma expressão popular cruel que reflete um pouco dessa ideia: “prenda suas cabras que o meu bode está solto”.
Este pensamento é reflexo de como educamos meninas e meninos de maneiras diferentes, e isto a longo prazo reflete diretamente na violência sofrida pelas mulheres. Ora, se o homem é levado a acreditar que tem mais poder do que uma mulher, ele pode querer requerer esse poder por meio da força.
Mas qual é a solução, afinal, para que crimes sexuais como esse deixem de existir? A única saída possível e permanente é a educação. Há quem defenda a castração química para estupradores, mas a violência de gênero não está num órgão genital e sim na mentalidade.
Precisamos educar os meninos a respeitar, não as mulheres a temer. Uma instituição que desempenha um papel fundamental para mudarmos esse cenário é família.
Precisamos criar um cenário familiar onde os meninos entendam que precisam dividir as tarefas domésticas e quebrar a barreira dos comportamentos tidos como “coisa de homem” e “coisa de mulherzinha”, onde o primeiro é ser dotado de força e autoridade e o segundo é sobre ser submissa e recatada.
Enquanto homens forem incentivados a acreditar que tem mais privilégios, força e poder sobre as mulheres, infelizmente ainda continuaremos noticiando casos como esse.
Drielly Schmor
Publicitária e feminista