Cortada pelo rio Timbuí que divide os municípios de Fundão e Serra, uma bela história testemunhada, contada e resgatada.
Fiquei feliz em ver o clima positivo entre os presentes que combinou nostalgia, religiosidade, história e futurismo. Velhos amigos, como Sr.Chico, Dr.Luizinho, Renato, Simone, Nonoca, Madalena, Marcos(Alemão), Sérgio, a Lider do congo Valdirene e tantos outros(as). Contei mais de 120 pessoas. A presença do som da banda de congo de Santiago da Serra. Ouvir relatos dos áureos tempos de um Brasil ainda rural, onde se passava a sena social e econômica.
Vi o resgate do profano e o sagrado na mais pura sintonia.
A inauguração da capela, o primeiro culto ministrado pela comunidade de Santiago. A homenagem aos santos São Benedito, Santo Antônio e São Francisco de Assis. A cerimônia de fincada do mastro com estandarte de São Benedito, ouvir a devoção através de rituais e som do congo, em um periodo em que as apresentações ficaram represadas por 2,5 anos, em função da pandemia covid-19, foi apoteótico. Da partilha dos comes e bebes com todos que participaram. Estar ali foi honroso e inesquecível!
Ver a história vivida, nos meus pensamentos, sendo discorrida ali e restaurada em grande estilo, foi sensacional!
Trouxe-me do fundo do baú da memória os nostálgicos tempos dos três irmãos: finados Antônio, Arnaldo e o Francisco(Chico que gosa de saúde). Cada qual possuia característica de se portar e de tocar o empreendimento que se complementavam.
Como não esquecer a “vendinha” da cabeça da ponte, parada obrigatória do velho meu pai, Bebé, para tormar umas e outras. (meu pai, ficava na nossa propriedade em Destacadinha durante a semana. Todo sábado, ao visitar a família no final de semana, em Timbuí, fazia a tal parada).
Lembrar da prosperidade que representava aquele complexo misto de agro-indústria e comércio.
Da geração de trabalho e renda às inúmeras famílias que viviam em torno do negócio. O surgimento do bairro Santiago da Serra.
As boas recordações das vastos canaviais, dos carros de bois lotados de cana a chegar ao engenho a serem moídas, transformadas em garapa, esta destilada e transformada na famosa Aguardente Timbuí, cuja memória, marcou indelevelmente gerações. Lembranças que até os dias de hoje o povo serrano e capixaba não esquecem.
Recordo-me das nossas conversas joviais acaloradas sobre futebol, política, namoradas… a paixão que tinhamos em jogar no Cruzeiro de Timbui… Sobre as peladas (final de semana inteiro) no campinho beira rio.
Lembro-me como se fosse hoje: a moenda num plano mais alto em relação ao depósito de garapa com levedura, até o ponto de alambicacagem. O transporte era por gravidade. Neste trajeto, onde passava a garapa, era onde eu e a molecada, com uma caneca, sem proibições, interceptava o fluxo e saboreava alguns copos…
Enfim, quero parabenizá-los pela brilhante ideia do resgate da história, de transformá-la em negócio e de quebra, mexer com os sentimentos de tantos que se relacionavam direta e indiretamente enquanto negócio e com os laços sociais e familiares. Também, por trazer o profano e o sagrado, intrínseca e inteligentemente muito bem representados, em rituais religiosos, alegres e festivos enquanto elementos da nossa cultura regional.
O autor do artigo é Edson Quintino Filósofo e Presidente Afastado da ACESS.
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