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Opinião – Erick Musso quebra ciclo histórico de submissão da Assembleia com o governador

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Erick Musso tem 32 anos. Foto: Divulgação

O deputado estadual Erick Musso (Republicanos), aos 32 anos, foi reconduzido à presidência da Assembleia Legislativa para o biênio 2021-2022. A estratégia de antecipar a votação (ocorrida na última quarta- 27) para impedir a interferência do Poder Executivo Estadual, mostrou-se eficaz, e o grupo liderado pelo deputado se estabeleceu de vez como um polo político a ser respeitado no ES.

Alguns analistas apontaram essa estratégia como “antidemocrática”. Mas, naturalmente, é uma decisão dos deputados. Antidemocrática na verdade é a interferência dos Poderes, invadindo espaços alheios para deformar e vulgarizar a divisão constitucional que rege a vida em sociedade.

Com a consolidação de Musso à frente do Poder Legislativo, abre-se um novo ciclo da relação entre os poderes constituídos no ES. Que conceitualmente, devem ser harmônicos, mas independentes. Vale frisar que há algum tempo, já é observado uma deturpação desse preceito, já que o histórico é do governador da vez ‘tomar conta’ da Assembleia.

Erick já deu sinais de sua responsabilidade à frente do Legislativo. Basta lembrar, por exemplo, da votação do Fundo Soberano, da qual o presidente atuou pessoalmente. Erick teve o apoio de mais de 2/3 da Assembleia, e isso, certamente só é possível pelo fato de ser o dosador democrático entre oposição e situação para impedir a radicalização ou a submissão.

Aliás, a divisão entre os Poderes, foi pensada exatamente com este objetivo, balancear e limitar as forças que governam, para evitar tendências ditatoriais com visões míopes e individuais da realidade. Inclusive, Casagrande deve estar satisfeito com isso, já que vem dos movimentos de base que lutaram pela redemocratização brasileira, da qual sempre se demonstrou reverência.

Na prática a Assembleia vive um novo ciclo, o da independência, mas de respeito institucional. Sob a ótica política, Erick também consolidou uma posição de grupo, equilibrou o hegemonismo.

Desde a saída do ex-governador Paulo Hartung (sem partido) do cenário político (pelo menos publicamente), houve um vácuo de poder no estado. Na prática o grupo do atual governador Renato Casagrande (PSB) nada de braçada. Eles tomaram conta dos principais postos de comando do Estado e atuam com força nos bastidores da eleição de 2020 mexendo no tabuleiro a bel prazer; e estabelecendo assim uma hegemonia de poder perigosa sob a perspectiva democrática e da pluralidade de ideias.

É justo destacar também que nos últimos anos, devido a forte polarização nacional (e mesmo na Serra com Audifax x Vidigal), entendeu-se política como uma guerra, o que na verdade, é ao inverso.

Guerra é o verdadeiro antônimo de política. Conflitos, especialmente bélicos, só são possíveis quando a política falha. E não parece ser o destino do ES. O grupo de Erick sinaliza que pode coexistir com Casagrande, inclusive fazer composição em várias cidades no pleito de 2020.

O ES segue bem posicionado: 1 – economicamente respira em meio à quebradeira de outras unidades da Federação. 2 – administrativamente, o governador tem segurança na relação institucional com a Assembleia, leia-se governabilidade. 3 – politicamente os grupos de envergadura eleitoral têm a possibilidade de coabitarem os mesmos espaços.

É uma realidade privilegiada, já que o país vive dias de instabilidade política, incertezas institucionais, ressurgimento de ideologias de porão e déficits fiscais.

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