
A Serra com seus 465 anos é um dos lugares mais antigos do Brasil; O padre Brás Lourenço, contando com a colaboração do cacique Maracaiaguaçu (Gato Grande), conseguiu fundar a Aldeia de Nossa Senhora da Conceição da Serra, em 1556, no sopé do Mestre Álvaro – grande maciço de origem vulcânica com 833 metros de altura, maior inclusive que o monte Pascoal, marco zero da chegada portuguesa ao Brasil.
A cidade independente que conhecemos hoje passou ao status de freguesia com a denominação de Serra, por Carta Régia de 24 de maio de 1752; e foi elevado à categoria de vila pela Resolução do Conselho do Governo de 02 de abril de 1833, desmembrado de Vitória. Mas somente em 18 de agosto daquele ano, foi constituído do distrito sede, portanto se emancipando e se tornando efetivamente um lugar independente da capital.
E lá já se vão 189 anos de emancipação e desenvolvimento do ethos próprio que caracteriza atualmente a maior população (540 mil habitantes) e maior economia (PIB de R$ 25 bilhões) do Espírito Santo; liderando setores-chave como a Indústria e o Serviços. Tornando-se assim, a única cidade do Brasil que é maior do que a capital do seu respectivo estado.
Estas breves informações servem para lembrar a importância da Serra na formação do Espírito Santo atual, em especial daqueles que ainda não se deram conta disso, seja por limitações intelectuais ou por mero preconceito pseudo-elitizado-aristocrata, o que também, obviamente, é um tipo de limitação pessoal.
O alerta, vale inclusive para o caso mais recente, ocorrido na última quarta-feira (16) na Câmara da Serra; quando o vereador de Vitória, conhecido como Gilvan da Federal, respeitosamente convidado a participar da sessão ordinária na Câmara da Serra, sentiu-se no direito de peitar fisicamente um vereador da Serra, Anderson Muniz, legitimamente eleito pela população da Serra e no exercício regular da sua função na Serra.
Independente do mérito – que neste caso referia-se a proibição ou não do passaporte de vacina- a atitude é absolutamente reprovável e digna de todo o repúdio possível em vista da grandiosidade da Serra. Ao ofender e agredir verbalmente um parlamentar da Serra, o vereador de Vitória desrespeita toda a população do município.
Somos regidos por um sistema político de representação; e a Câmara e seus vereadores representam institucionalmente e legitimamente as 540 mil pessoas que vivem na Serra.
O vereador Gilvan chegou 189 anos atrasado na Serra e fez um papelão que não condiz com o respeito, carinho e boa vizinhança dos demais parlamentares de Vitória para com a Serra. Como cidadão capixaba, logicamente tem todo o direito e liberdade de se expressar, opinar e manifestar, a Constituição de 88 permite, mas como autoridade, precisa antes de tudo respeitar a Serra, sua população, seus representantes, suas instituições e antes de tudo a própria função pela qual foi designado.
A Serra não é puxadinho de Vitória, aqui reside uma população trabalhadora, que ajudar diariamente a construir este estado. Aqui existe uma população que compreende as dificuldades enfrentadas dia a dia, mas que encontra orgulho e amor por essa terra.
A Serra é um coração de mãe , abraçou as populações baiana, mineira e capixaba que historicamente migraram de seus regiões de origem em busca de dignidade. Ao ofender o Legislativo Municipal, o vereador ofende também incontáveis histórias de luta, sofrimento e superação que marcam o ethos, a alma e os corações daqueles que fazem da Serra, uma das cidades mais importantes do país.
Portanto, toda a solidariedade ao vereadores da Serra, em especial ao vereador Anderson Muniz, jornalista, eleito para seu primeiro mandato em 2020 com 1.812 votos. Com um enorme histórico de trabalho comunitário, ambiental e propositivo na Serra; e que representa tantos e tantos serranos-nordestinos que encontraram a Serra como um refúgio de vida.
Viva a Serra, viva a emancipação e abaixo todo o tipo de autoritarismo démodé e antiquado.