Professores, o mês de abril chegou e com ele surge a abordagem da temática indígena. Precisamos desconstruir estes estereótipos acerca dos nossos indígenas. Muito me preocupa a reprodução dessa imagem do índio do Século XVI. Temo pelo reforço da imagem do indígena como preguiçoso, selvagem, infantilizado e não civilizado. Temos que desmitificar a imagem e a história dos nossos indígenas.
Quando vejo, nas redes sociais, fotos de alunos em escolas no “dia do índio” (todo dia era dia de índio, mas escolheram o 19 de abril) e a reprodução contínua focada no indígena colonial, norte-americano, da região amazônica, reforçando o estereótipo, isso me angustia. Me questiono cadê o indígena de nossa região? E o índio urbano? E a diversidade cultural desses povos? As contribuições na formação do nosso Brasil?
Levanto aqui reflexões necessárias: Convidaram indígenas para falarem? Utilizaram literatura infanto-juvenil escrita por indígenas? Discutiram questões atuais sobre a demarcação e a situação das terras indígenas? Será que nossos alunos conseguem reconhecer um índio urbano? Identificam que índio é índio independente do local onde vive,da vestimenta que traje, da profissão que exerça ou da tecnologia que use?
Uma sugestão interessante é levar os alunos a alguma aldeia em Aracruz, uma prática pedagógica incrível, pois visualizo ser a forma de desconstruir essa imagem estereotipada, através da possibilidade de contato com a realidade dos nossos indígenas. Se isso não acontece, não vejo progresso. Apenas retrocesso e reforço da discriminação.
Que a lei 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e INDÍGENA nas escolas de educação básica, realmente se cumpra. O conhecimento é a maior arma na desconstrução do preconceito. E que você, mestre, faça a diferença na sala de aula!
- O texto é do professor de História, Fabrício Moreira Rufino, que atua na Rede Estadual do Espírito Santo e na Municipal de Vila Velha