Mestre Álvaro

Opinião | Serra tem 1 agente de trânsito para cada 10 mil moradores, categoria precisa de investimento já!

A Serra possui 56 agentes de trânsito para atender 540 mil habitantes e uma frota de 220 mil veículos. Foto: Divulgação Bruno Leão

Categorias incompreendidas; essa pode ser uma boa definição para os agentes de Trânsito da Serra. Muitas vezes criticados por uma parcela da população, essa categoria é a responsável por várias funções que representam o elo entre a Prefeitura da Serra e a sociedade no trânsito.

Diferente do que o tribunal das redes sociais geralmente prega, os agentes da Serra fazem um baita trabalho. Afirmação facilmente sustentada por meio de números e dados. Começando pelo principal: a Serra é a maior cidade do Espírito Santo… e trânsito não se resume a veículos, mas toda a movimentação de pessoas, como pedestre e ciclistas, por exemplo.

Logo, todos os que se movimentam em vias municipais, estaduais e algumas vezes até federais, são parte do trabalho desses agentes. Além da Serra ter a maior frota de veículos do ES, com 220 mil registrados é ainda o maior polo de logística rodoviária do estado.

Infelizmente, a estrutura do Departamento de Trânsito da Serra (DOT), não acompanhou todo esse boom de movimentação urbana; desde 2015, o centro de operações dos agentes fica localizado em uma pequena estação no Parque da Cidade, que não condiz com a maior economia municipal do ES.

Apesar dos agentes terem a missão de organizar o maior fluxo de trânsito em nosso estado, o efetivo de agentes, paradoxalmente, não enche nem mesmo um transcol.

São 56 agentes de trânsito: 1 para cada 10 mil moradores da Serra; efetivo que é dividido em turnos e alguns agentes deles tem responsabilidades administrativas. A frota do DOT precisa urgentemente de investimentos; as motocicletas são até relativamente novas, mas os carros são bem antigos; a maioria Fiat Pálio. Os agentes usam coletes balísticos, mas não tem qualquer forma de defesa não-letal.

Em muitas cidades, bem menores que a Serra, os agentes usam pistolas taser, ou popularmente conhecidas, armas de choque, que servem na contenção de crises e conflitos em que haja ameaça à vida tanto dos agentes quanto de outras pessoas. São armas de neutralização, que não causam lesões permanentes ou morte.

A estrutura do DOT é absolutamente incompatível com a movimentação urbana da Serra e a demanda que dela se exige. Se somar essa realidade à escalada de violência no trânsito do município, se tem os resultados que estão aí: desde o início de 2022, o município registrou 30 vítimas fatais de acidentes automobilísticos.

Segundo dados do Observatório da Segurança Pública do Espírito Santo, somente em maio, sete pessoas perderam a vida em vias públicas da Serra. Nos doze meses de 2021, o município registrou 23 vítimas, ou seja, em apenas cinco meses, a Serra já registrou mais mortes no trânsito do que em todos os meses do ano passado. Diante disso, não precisa dizer, o leitor já entendeu: de longe, a Serra lidera os índices de violência no trânsito.

Quando o leitor se perguntar: ‘Ah, porque não tem um agente aqui nesse cruzamento?’; porque muito provavelmente estão atendendo casos de acidentes que ocorrem a todo o momento no trânsito. Eles são os primeiros a chegar e os últimos a sair, reorganizam o trânsito, acionam equipes do Samu e da Guarda Municipal e escoltam ambulâncias para diminuir o tempo de deslocamento e dar mais chances de vida aos acidentados.

Não precisa ir longe, no dia 15 de junho o Tempo Novo reportou um acidente na Avenida Norte Sul, em Barcelona, em que um motociclista de 55 anos esbarrou em um carro e saiu rolando na pista, causando lesões gravíssimas na região da cabeça; os agentes chegaram em menos de 5 minutos, acionaram o Samu, que precisou entubar o homem para ser levado até o hospital Jayme Santos Neves. Os agente escoltaram a equipe médica que chegou em 9 muitos ao hospital com o homem vivo ainda.

É uma categoria incompreendida pelo morador da Serra; lógico que existem maus profissionais assim como em todas as profissões, ou mesmo profissionais que estão em um dia ruim, pois atrás do uniforme, tem um ser humano que pode estar passando por qualquer problema intrínseco a vida humana em sociedade.

Mas críticas desproporcionais sem conhecimento da realidade vivida pelos agentes não contribuem em nada, muito menos para um trânsito mais seguro, que aliás, muitas vezes dependem mais dos próprios motoristas do que necessariamente do DOT, já que os acidentes em ampla maioria estão relacionados à imprudência.

O DOT precisa é de investimento na estrutura de efetivo, de equipamentos de segurança, de novos veículos, itens de trabalho e uma sede adequada; precisam de reconhecimento, tanto enquanto categoria pelo serviço prestado, bem como salarial, uma vez que o trânsito da Serra tem proporções de metrópole; sem falar na modernização dos serviços, processos e operações.

Investimentos no DOT precisam acompanhar essa nova Serra que surge com o arcabouço das obras viárias que estão previstas e outras já em execução, como, por exemplo: a municipalização dos 31 km da BR-101, que se pretende transformar parte em via expressa… o binário da Norte Sul que será dada ordem de serviço essa semana; a Rotatória do Ó já está em vias de ser pavimentada, e vários outros investimentos em infraestrutura.

Não é exagero nenhum, ir contra o tribunal da internet, e parabenizar os 56 agentes, mulheres e homens, que todos os dias lidam com as situações mais adversas possíveis, desde tragédias (como aquela que matou um motociclista arrastado por uma carreta em 15 de junho), sofrimento, insegurança pessoal e tantas outras situações. E cobrar do poder público o investimento proporcional a importância da categoria.

Yuri Scardini

Morador da Serra, Yuri Scardini é repórter do Tempo Novo. Atualmente, o jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a editoria de política.

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