Yuri Scardini
Nas últimas semanas, a Serra mergulhou numa crise institucional entre Câmara Municipal e Poder Executivo. Em meio ao tiroteio desse cenário político de tom belicista, o Tempo Novo virou alvo de vereadores, assessores raivosos e outros servidores de ambos os poderes.
Para aqueles que ultrapassam os limites da prerrogativa constitucional da liberdade de expressão e navegam pelos turbulentos mares da injúria, da calúnia, das fake news e, especialmente, das ameaças e torpes tentativas de intimidação, um aviso: este jornal não vai se envergar a pressões arguciosas e, muito menos, se afogar nas retóricas conflitantes de ambos os lados; mas, sim, fincar os pés na lucidez de quem respira a Serra há quase quatro décadas e, daqui, acompanhou o surgimento de pretensos poderosos e suas decadências rumo ao ostracismo. O poder é fluido e escorre como chuva.
O Tempo Novo não tem a pretensão de ser o dono da verdade, assim como ninguém o é; muito menos está livre de críticas, assim como ninguém está. Todavia, este jornal não vai se refutar a exercer seu papel junto à sociedade local como um legítimo órgão de imprensa.
Nesse oceano de retóricas conflitantes que tomou a Serra, embarcar de cabeça em movimentos desproporcionais, mal explicados, que guardam elementos anti-democráticos e motivados por duvidosos interesses, é uma irresponsabilidade republicana à qual o Tempo Novo não vai se permitir; assim como deslegitimar a função constitucional dos representantes do povo é um erro inescusável.
Portanto, cabe ao jornal trazer os fatos e apontar as contradições, assim como têm sido feito. Dando espaço para os atores envolvidos darem suas versões, buscando a opinião da sociedade civil organizada e trazendo luz à escuridão por meio do jornalismo livre, que é uma das ferramentas civilizatórias mais retumbantes.
Conforme o degringolar dessa crise, daqui a 20 ou 30 anos, poderá haver pessoas nesta cidade que vão se recordar desse evento político, que colocou em choque os principais líderes dos Poderes locais e, por isso, o prefeito Audifax Barcelos (Rede) e o presidente da Câmara, Rodrigo Caldeira (Rede), estão unidos pelo processo histórico.
E o que o jornal espera é que o subproduto dessa instabilidade seja o amadurecimento das instituições e o aperfeiçoamento da democracia. E que isso possa se transmutar em benefício para a população. Ainda mais nesse cenário nacional de retração econômica e aumento da demanda por serviços públicos, associada ao complexo contexto da Serra e seus 500 mil habitantes.