Yuri Scardini
O prefeito Audifax Barcelos (Rede) quer o Anchieta. Este é um entendimento bastante consolidado na Serra e tratado abertamente por seus assessores mais fiéis. Talvez o passo mais sólido para atingir esse objetivo esteja na articulação de um novo grupo político no Espírito Santo. Coisa que já está em curso e tem como cabeças o deputado federal Amaro Neto (PRB) e o presidente da Assembleia, Erick Musso (PRB), além de Audifax, é claro.
Eles são as referências; mas sobrevoando o grupo, há várias lideranças políticas de todo o estado. A nova articulação viu uma oportunidade de se aglutinar após o vácuo de liderança deixado pelo ex-governador Paulo Hartung (sem partido), que deixou o cenário político capixaba para colar em figuras nacionais como o apresentador Luciano Huck.
O objetivo é desenvolver conexões políticas que ajudem tanto no desenvolver de seus mandatos, bem como eleitoralmente. E esse grupo cresce às barbas do governador Renato Casagrande (PSB), que naturalmente não consegue atender a todos. Ou seja, a nova articulação suprapartidária nasce como um polo oposto ao PSB e seus aliados, como o PPS de Luciano Rezende, prefeito de Vitória.
Audifax faz uma jogada interessante: alinha-se com figuras expressivas no contexto capixaba e pode liderar um grupo político que o dê sustentação rumo ao Anchieta. Esta é a jogada. É claro que, até chegar lá, há uma maratona para correr. Os primeiros quilômetros são terminar o mandato bem avaliado na Serra, e por tabela, eleger um sucessor, até mesmo para engordar o grupo emergente.
Inclusive, todas as possibilidades estão na mesa; não será surpresa se o prefeito refizer um caminho em direção ao deputado federal e ex-prefeito da Serra Sérgio Vidigal (PDT). Audifax quer aparar arestas, e pode começar pelo pedetista. Em conversa recente com o Tempo Novo, o deputado usou uma expressão sintomática: “é impossível reatar” com Audifax. Oras, experiente que é, o psiquiatra Vidigal sabe bem que o impossível na política é só questão de perspectiva. O ponto de equilíbrio pode ser um nome comum a ambos para disputar a eleição em 2020. Se algo dessa magnitude acontecer, 2022 nem vai parecer tão longe assim.