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Sirene em MG, pânico no ES

Bruno Lyra

Na última sexta-feira (22) tocou, pela segunda vez no ano, a sirene alertando para o risco de rompimento da barragem de rejeitos da mineração da Vale em Congo Soco, Barão de Cocais (MG). Caso essa barragem se rompa, os danos ambientais e sociais devem vir fortes para o Espírito Santo.

A barragem está na calha do rio Doce e tem capacidade para 9,4 milhões de m³ de rejeitos. É da mesma tecnologia das estruturas rompidas de Brumadinho e Mariana. A de Mariana lançou 43 milhões de m³ de lama tóxica no rio Doce e fez parar a Samarco (Vale + BHP), causando prejuízo incalculável à principal fonte de água do Espírito Santo e ao oceano Atlântico nos trechos capixaba, baiano e fluminense.

Prejuízo que se estende para a economia. Houve recuo de mais de 10% no PIB capixaba com a desativação da siderúrgica no sul do estado e toda sua cadeia de fornecedores e prestadores de serviço, que inclui empresas sediadas na Serra. Só na cidade, foram cerca de 1.000 empregos e R$ 400 milhões de negócios/ano a menos desde o rompimento em novembro de 2015.

Como ficará a lenta recuperação disso tudo, caso uma nova onda de lama tóxica desça o rio Doce e contamine o Atlântico? E o impacto econômico ao Espírito Santo, cujo PIB é profundamente dependente do arranjo mínero-siderúrgico?

A barragem de Brumadinho, estourada em janeiro último e cuja lama contamina a bacia do rio São Francisco, já se faz sentir em terras capixabas. É que por decisão da Justiça ou iniciativa própria, a Vale desativou outras barragens em risco, fazendo despencar a exportação em 30% em Tubarão.

O colapso de tantas barragens então pouco tempo é mais um sinal de desinvestimento do setor mínero-siderúrgico no eixo ES-MG. A desistência da Vale em fazer a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), em Anchieta; o anúncio de que a empresa pode não fazer uma nova ferrovia no Espírito Santo, a fim de priorizar a estrada de ferro no Centro-Oeste; a demora na realização de projetos como Manabi (Linhares) e Ferrous (Presidente Kennedy), além das incertezas que rondam o retorno da Samarco, também são sinais. 

Se tal cenário se confirmar, restará aos capixabas (e mineiros das regiões produtoras) buscarem alternativas econômicas. E cobrar a conta da lama a quem lucrou com esse imprudente modelo de desenvolvimento. 

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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