Além da tão esperada imunização contra a covid-19, o Brasil também anseia por uma vacina contra a ignorância. E o primeiro a receber a dose deveria ser o presidente Jair Bolsonaro, que como líder máximo do país, acaba por influenciar milhões de pessoas com suas palavras e atitudes.
Na última semana, Bolsonaro cometeu mais um disparate. Disse que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, respondendo uma seguidora sua que aos berros alertava sobre o suposto risco de tomar vacina contra covid-19.
Ora, isso é de uma irresponsabilidade e ignorância profundas. Primeiro porque a ciência defende a vacinação de todos para conter a pandemia. Segundo porque o próprio Bolsonaro havia assinado, em fevereiro, a lei 13.989/20 que estabelece vacinação obrigatória como medida para conter a doença.
Ou Bolsonaro não leu o que assinou ou está jogando para a plateia. De qualquer forma, sua atitude causar ainda mais estrago num país que já perdeu 127 mil vidas, sendo 3.268 no Espírito Santo e 474 na Serra, 2ª cidade com maior quantidade de mortes pela covid-19 no ES.
Quem acredita em Bolsonaro tende a seguir suas ideias. E há campo fértil para atitudes insensatas. Não se pode esquecer que há pouco mais de 100 anos no Rio de Janeiro houve a Revolta da Vacina. Na ocasião a população se rebelou contra a aplicação da vacina da varíola, doença infecto-contagiosa das mais mortais que só foi controlada após vacinação em massa.
Lembrando que o guru intelectual do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, é defensor de mentiras como a de que a Terra é plana e de que vacina faz mal. Tudo que o Brasil não precisa agora é de uma versão do século XXI da Revolta da Vacina. Imagina isso com uma turma cheia de ódio empunhando seus revólveres, pistolas e carabinas, cujo acesso foi facilitado justamente neste governo?
Outras atitudes de Bolsonaro já atrapalharam o combate à pandemia no Brasil. Dentre elas a negação do uso da máscara e a promoção de aglomerações. Aliás, ontem, 07 de setembro, o presidente desfilou de carro com um grupo de crianças. Ele e a quase todos os pequenos sem máscara.
Se há poucas esperanças de que Bolsonaro se vacine contra a própria ignorância, vacine-se você. Não ouça e nem se espelhe nas atitudes do presidente.