As previsões veiculadas nesse espaço em outubro, entre o primeiro e segundo turno das eleições, de um cenário ruim para o país está configurada. Citamos que se o eleito fosse o tucano Aécio Neves, além do arrocho na economia, teríamos uma crise de governabilidade, pois os movimentos sociais controlados pelo PT, via CUT, MST e outros estariam tomando as ruas em protestos contra a nova ordem econômica e inflados ainda pela ira dos congressistas petistas na Câmara dos Deputados e no Senado.
No caso de uma reeleição de Dilma, foi dito que ela teria dificuldade em manter a economia como vinha mantendo, que não teria dentro dos quadros do partido alguém com credibilidade e ideias para tirar o país da crise e que toda e qualquer medida seria vista com desconfiança pelos setores produtivos.
Foi citado também que a temperatura política subiria logo no início do ano, com os desdobramentos da operação Lava Jato que culminaria com o pedido de impeachment da presidente.
Quando um país entra em crise como está o Brasil, todos os esforços que o governo e os setores produtivos e financeiros fazem é para que o fundo do poço não chegue tão rápido, senão as consequências são piores ainda. É o que se vê hoje na Venezuela, um país economicamente arrasado em um clima de salve-se quem puder e politicamente dividido com risco de desdobrar em guerra civil.
Talvez pelo seu tamanho, pela disposição de sua gente, pela responsabilidade de sua imprensa, pela neutralidade de suas forças armadas e pelo bom senso que no final prevalece no Congresso Nacional, o Brasil não chegue ao mesmo nível da Venezuela. Mas até lá vamos ver o cenário piorar bastante; vamos ficar mais indignados com os desdobramentos da Lava Jato; podemos ver ministros no Supremo Tribunal tentar passar as mãos nas cabeças de alguns acusados; vamos ver a situação do Lula e as relações entre PT e PMDB piorarem.
Depois que isso tudo chegar ao fundo do poço, uma estabilidade ruim reinará por um período, para depois o país retomar o rumo do crescimento econômico, da ordem pública e da estabilidade política.
Depois do arrocho, hora de mostrar serviço
Diante da crise econômica e política que se agravou a partir de janeiro, pode-se dizer que a Serra foi um dos poucos municípios do Estado que fez o dever de casa e agora colhe os frutos do arrocho administrativo que adotou no início da atual gestão, que começou em 2013.
O prefeito Audifax Barcelos (PSB) foi muito criticado ao adotar uma política de contenção de gastos. Antes mesmo de assumir, Audifax atacou duramente a renegociação de uma dívida da prefeitura junto à Engeurb, anunciando que suspenderia pagamentos de dívidas deixadas pelo seu antecessor, Sérgio Vidigal (PDT).
Anunciou também que paralisaria as obras e faria um minucioso levantamento das mesmas, entre outras tantas medidas impopulares. Mesmo com as pressões sofridas, o prefeito manteve a sua política de austeridade. Hoje, a Serra é o município mais equilibrado financeiramente da Grande Vitória, só não dá para afirmar que está mais confortável que a capital porque lá a arrecadação é muito superior e a dimensão territorial, população e demandas sociais são menores.
Prevendo ou não dias piores, Audifax acertou. No mercado, a Serra é elogiada por honrar compromissos com empreiteiros e fornecedores, por estar com um volume de obras que mesmo não sendo o ideal, é superior ao de seus vizinhos.
Mas interlocutores do prefeito dizem que ele não está satisfeito, que tem consciência de que essa gestão está longe da primeira, quando o mundo e o Brasil viviam crescimento econômico.
Nos atuais tempos de vacas magras, o prefeito tem feito grande esforço para não perder o ritmo de funcionamento da máquina administrativa e ao mesmo tempo buscando recursos externos, junto aos governos Federal e Estadual, para realizar obras que se fazem necessárias.
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