Por Thiago Albuquerque
Feche os olhos. Agora corra e veja qual a sensação. Essa é a experiência e a rotina da para-atleta serrana Renata Bazone, de 41 anos, que mora em Porto Canoa. A corredora está ganhando o mundo do esporte de ‘olhos fechados’. A atleta é exemplo de superação e determinação.
A última conquista de Renata foi a medalha de prata dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, na categoria T11 de 1.500 metros, quando o atleta é totalmente cego e corre o auxílio de um guia.
O próximo desafio será no Mundial em Doha no Catar. A corredora viaja para a competição neste sábado (10) e as provas acontecem dos dias 21 a 31 deste mês. A delegação brasileira está enviando 39 atletas.
Renata corre ao lado de seu guia, o também atleta Fernando Martins. E ainda conta com a ajuda de seu filho Tayrone nos treinamentos.
Para competir e viajar pelo mundo, a corredora não tem patrocínio nem apoio de nenhuma empresa. Para disputar o Mundial, ela está indo com tudo pago pela Delegação Brasileira.
O problema na visão de Renata vem de uma doença genética – retinite pigmentosa – junto com o astigmatismo e a miopia. Ela começou a perder a visão após os 30 anos. “Tenho cinco tios cegos, meu filho de 15 anos já está perdendo a visão. A doença é hereditária”.
Sua vida no esporte não começou no atletismo, e sim no judô. Ela praticou o esporte durante 4 anos, mas vieram as dores e junto com elas a indicação de caminhar e correr um pouco para fortalecer o corpo. Renata, mal sabia que desta ideia iria surgir uma carreira vitoriosa no atletismo. Ela tem como suas provas fortes, os 800 metros e os 1.500 metros rasos.
A atleta já tem índices olímpicos para garantir sua vaga para os Jogos Paraolímpicos no Rio 2016, a vaga atualmente é dela, mantendo seus índices nas próximas competições.
Reavaliação
Desde 2010, a para-atleta teve a Bolsa Atleta da Lei Roberto Siqueira Costa, da Prefeitura da Serra, cortada. “Continuo correndo atrás de patrocínio e de conseguir o auxílio da prefeitura mais uma vez. Pelo que sei, meu auxílio foi cancelado porque nasci no Rio de Janeiro, mas não entendo, porque moro na Serra há mais de trinta anos e represento minha cidade internacionalmente”.
De acordo com o secretário de Esportes da Serra, Ronaldo Schimidt, o caso de Renata está sendo reavaliado pelo comitê da Lei Roberto Siqueira Costa. “Ela é uma atleta de ponta, olímpica e de alto rendimento e por isso iremos olhar o caso dela com carinho”.