Por Eci Scardini
O resultado apertado do inédito segundo turno na Serra serviu de experiência pra todo mundo que vive no mundo político. Para o eleitor que gosta e acompanha política, foi carregado de expectativa e de lances de suspense.
O resultado final trouxe algumas constatações e surpresas. Uma das constatações é que Audifax continua ‘atacante’, parte pra cima, é destemido e esse seu jeito empolga a sua militância.
Constatou-se também que máquina é máquina, na hora do ‘pega pra capar’ ela faz a diferença. Seguramente, a grande maioria dos ocupantes de cargos comissionados atendeu ao chamado e foi paras as ruas fazer o dever de casa e assim, tentar garantir mais quatro anos de emprego.
Constatou-se ainda que em uma eleição disputada, toda e qualquer liderança pode fazer a diferença. Foi assim com a ex-vereadora Sandra Gomes, que levou o PMB para Audifax e abraçou a campanha com muita energia, além de várias outras lideranças que caíram de cabeça na campanha.
Verdade seja dita, a vitória de Audifax é histórica e vai estar escrita nos anais da cidade por muitos e muitos anos. Desde as primeiras pesquisas que mostravam uma vantagem expressiva de Vidigal, passando pela quase morte de Audifax, até a virada nos acréscimos do segundo tempo.
O que deve acontecer para os próximos capítulos é a consolidação do grupo hegemônico formado pela dobradinha Rede/PSB. Audifax deve ter menos preocupações no Legislativo e seu grupo de governo já está alinhado com as demandas da cidade. Está escancarado para o prefeito pavimentar seu salto político. Como gestor ele já provou há algum tempo esta condição, e agora, com essa nova experiência, prova de uma vez por todas que tem inteligência e articulação eleitoral para construir um projeto que coloque a Serra no cenário estadual.
Voltado ao curto prazo, o prefeito tem muitos desafios a serem superados. A cidade permanece sofrendo com as quedas de receita, fruto da severa crise econômica que não só o país passa, mas principalmente o Espírito Santo com a paralisação da Samarco.
Deputado consolida papel de sucessor
Outra eleição vem por aí, a da mesa diretora da Câmara. É consenso que o vencedor deverá ter o apoio do prefeito reeleito, mas é consenso também que Audifax não pode errar, pois as rusgas com o Legislativo foram responsáveis por muitas dificuldades da gestão nestes últimos anos.
É necessário salientar também que a família Lamas volta com tudo para o cenário político da cidade. Na ausência de Audifax, durante a internação, sua nova vice, Márcia Lamas foi para a rua, andou, brigou, articulou e carregou o nome do prefeito para as entranhas da cidade.
Já o deputado estadual Bruno Lamas, consolida seu nome com um dos candidatos mais competitivos para à reeleição em 2018. Além da sua força própria, é justo pensar que mais do que ninguém, Audifax vai comprar a candidatura de Bruno e prepará-lo para a linha sucessória em 2020.
E o que restou para Sérgio Vidigal? Uma derrota amarga e a necessidade de se reinventar. Segundo fontes do núcleo do pedetista, Vidigal já fala em Senado, mas ainda é difícil pensar neste futuro.
Verdade é que o cenário político tira o foco da cadeira de comando das prefeituras e passa a mirar na cadeira que Paulo Hartung (PMDB) está sentado hoje. Hartung não saiu satisfeito desta eleição e viu seu rival, Renato Casagrande (PSB) voltar a ter um papel de destaque no ES, com aliados vencendo nas cidades de maior PIB no Espírito Santo: Vitória e Serra.