Nos últimos dias, a Associação de Pastores Evangélicos da Serra (APES) tem sido alvo de ataques ofensivos de teor considerado grave vindas de um líder evangélico da Serra, conhecido como Pastor Dinho Souza, atuante na Igreja Povo da Cruz, localizada em Laranjeiras. No centro desse conflito está a Marcha da Família, que ocorrerá no dia 12 de outubro, em Vitória. O ato tem como pauta principal a bandeira contra o aborto, e a APES é uma das instituições organizadoras. Contudo, durante as pregações, o Pastor Dinho Souza tem usado o púlpito da igreja para atacar a instituição e deslegitimá-la no exercício da evangelização.
A APES é umas das entidades evangélicas mais antigas e respeitadas da Serra, além de ser uma das associações de pastores mais organizadas do Espírito Santo. Nela, diversos líderes religiosos já passaram como presidente e membros da diretoria, todos com décadas de trabalho prestado no meio evangélico da Serra. Entre os eventos organizados pela APES, está o Verão Com Jesus, que é de longe o maior festival evangélico de música gospel da Serra e um dos mais expressivos do estado.
As críticas são desproporcionais, mas antes de tudo, perigosamente extremistas e ofensivas. Dinho chamou pastores da Serra de “omissos” e acusou-os – sem nomeá-los – de “compactuarem com o aborto” ao apoiarem políticos que, na visão dele, apoiam o aborto. Dinho citou o caso ocorrido em 2020, quando uma menina de dez anos engravidou após ser vítima de estupro por um tio e precisou realizar um procedimento de saúde com aval da Justiça, já que além da gravidez ser fruto de um crime, trazia riscos eminentes a sua vida. Dinho disse no altar da igreja que o Governo do Espírito Santo teria “bancado o assassinato” de uma criança e que os pastores da Serra que apoiaram Renato Casagrande na eleição de 2022 seriam “cúmplices de assassinato”.
O Pastor Dinho ainda elevou o tom, com palavras não apenas proferidas em uma igreja lotada, mas também publicadas em uma rede social que tem mais de 50 mil seguidores. Fez acusações como: “falsos pastores”, “uma vergonha para a Serra e para o cristianismo”, “quadrilheiros”, “vagabundos” e “mercenários”.
Em outro vídeo, o Pastor Dinho questionou se as Associações de Pastores “pensam que todo cristão é otário?” e se “acham que têm monopólio dos cristãos e das igrejas da Serra e do estado?”. Ele voltou a citar o caso da menina de 10 anos vítima de estupro e fez ataques ao governador Renato Casagrande. Mas desta vez, ele foi muito mais explícito em relação à APES, chegando a mostrar uma carta de reivindicações de pautas da APES que Casagrande assinou, selando o apoio da entidade para as eleições de 2022. Não restaram dúvidas sobre a qual entidade ele estava se referindo nos primeiros vídeos. Pastor Dinho classificou a APES como “politiqueira” e questionou suas intenções ao organizar e participar da Marcha da Família.
O líder religioso ficou conhecido em 2022 após ser alvo de polêmicas ao promover na igreja um sorteio de uma espingarda calibre 12, o que é proibido. Nas redes sociais, Dinho é midiático, parece gostar dos holofotes e se classifica como “armamentista, conservador raiz, ativista político e inimigo da esquerda com orgulho”. Politicamente, ele tem relação com o deputado Gilvan da Federal. Ele não está filiado a nenhum partido político, mas nos bastidores da Serra, a crença é que ele será candidato a vereador em 2024, contudo, deve encontrar resistência de siglas partidárias por considerá-lo extremista e fanático religioso.
Momentos após as declarações do Pastor Dinho, o presidente da APES, Marcelo Ferreira, veio a público para repudiar os ataques sofridos. Disse também que a “verdadeira direita respeita todos os pastores do ES” e classificou Dinho como “uma minoria extremista”.
Naturalmente o universo evangélico da Serra nunca foi necessariamente único, na verdade historicamente é fragmentado e subdividido de diversas formas, inclusive politicamente, mas nunca houve esses níveis de ataques. Sem entrar em qualquer debate de nível ideológico, pois os problemas reais da Serra passam longe da pauta de costumes, APES é uma entidade séria e que atua na Serra há muitos anos, em especial nas comunidades mais necessitadas, em que são realizados diversos trabalhos de características comunitárias e sociais.
Evidentemente, ninguém está acima de hipotéticas críticas, desde que feitas no campo das ideias, com postura e respeito ao ser humano e suas histórias de vida e de luta. Muito diferente do que está sendo presenciado na Serra, em que o referido pastor, prefere o ódio, a utilização massiva do sarcasmo, mas sobretudo da violência verbal, se escondendo atrás de pautas consideradas caras ao universo evangélico para poder legimitar um comportamento descompensado que parece se afastar muito do cristão, manipulando narrativas fundamentalistas que ganham eco em uma ambiente polarizado.
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