Meio Ambiente

Pastos tem que ser reflorestados para Serra e vizinhas não ficarem sem água, aponta pesquisa

Pasto às margens degrada margens do rio Jucu em Viana. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra/23-05-2020

Na semana passada o instituto de pesquisa WRI Brasil divulgou estudo inédito sobre o cenário de abastecimento da região metropolitana da Grande Vitória, no qual a Serra está inserida, que traz a seguinte conclusão: caso haja a recuperação de 2,5 mil hectares de pastagens degradadas nas bacias dos rio Santa Maria e Jucu, a Cesan poderia reduzir gastos de R$ 93 milhões no tratamento de água nos próximos 20 anos.

E mais: a empresa também reduziria a quantidade de produtos químicos utilizados no tratamento. O estudo acrescenta que a recuperação das florestas onde hoje há pastos também aumentaria a disponibilidade de água, evitando colapsos no abastecimento, como o ocorrido durante a super seca entre 2014 e 2016.

Diz também que aplicar dinheiro na infraestrutura “cinza” para retenção de água, como a construção de barragens, tem sua importância. Mas é insuficiente diante de cenário de aceleradas mudanças climáticas, sendo fundamental combinar com investimentos na infraestrura “verde”, que na prática é reflorestar. O estudo lembra inclusive que os reservatórios criados com as barragens duram mais tempo caso haja proteção florestal no entorno dos mananciais que os formam.

Rio Santa Maria na região do Queimado, Serra: manancial quase secou e faltou água até durante rodízio do abastecimento. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra/29 – 06 – 15

A pesquisa detalha que esse trabalho de recuperação custaria em torno de R$ 31 milhões. Os efeitos poderiam ser sentidos em 11 anos, com as árvores já mais crescidas tendo capacidade de reter a terra que cai do rio a partir de pastos. Só no rio Jucu, por exemplo, deixariam de cai anualmente a terra equivalente a carga de 40 camihões – caçamba.

Com isso a Cesan deixaria de usar, nos próximos 20 anos, 35 toneladas de produtos químicos no tratamento da água servida aos capixabas. E economizaria 19,5 Gwh de energia elétrica no período.

Santa Maria e Jucu

A maioria da população da Serra – cerca de 350 mil moradores – é abastecida pelo rio Santa Maria da Vitória. O rio também atende parte de Vitória e Cariacica, além de forncer o líquido para o complexo siderúrgico de Tubarão (Vale e ArcelorMittal), grandes consumidoras de água. Só deste manancial dependem mais de 600 mil pessoas. O Jucu atende Vila Velha, parte de Viana e a maior porção dos territórios de Cariacica e Vitória. Um milhão de capixabas dependem desse rio para terem água.

A combinação entre margens sem floresta e o lançamento de esgoto deixa o rio Santa Maria com aspecto de valão próximo à sede de Santa Maria de Jetibá. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra/ 23 – 05 – 17

No Santa Maria há uma grande represa. Chama-se Rio Bonito e fica nas montanhas de Santa Maria de Jetibá. Tem capacidade para até 27 bilhões de litros d’água. Construída na década de 1960 para reservar água com intuito de gerer eletricidades na hidrelétrica de mesmo nome, passou a ter vazão controlada, por determinação do Governo do ES, visando o abastecimento da Grande Vitória. Essa política foi adotada a partir da superseca entre 2014 e 2015.

Pouca água e muito esgoto fizeram o espelho d’água do rio Jucu sumir sob a vegetação no ponto da captação da Cesan em Caçaroca, divisa de Cariacica e Vila Velha. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra/ 31 – 08 – 16

Já o rio Jucu não possui represa de maior porte. Mas o governo pretende construir uma com capacidade para reter 20 bilhões de litros, às margens da BR 262, na subida para Domingos Martins. Numa localidade conhecida como Ponte da Macumba. A Cesan informou que as desapropriações foram concluídas e que as obras devem começar ainda este ano.

Reis Magos

Com nascentes nos municípios de Santa Teresa e Fundão, o rio Reis Magos passou a abastecer a Serra em outubro de 2017. Atende cerca de 150 mil moradores entre bairros da Serra Sede e Civit I. Também não tem represa grande. A bacia não está incluída no estudo do WRI Brasil.

A íntegra do estudo da WRI Brasil sobre o cenário de abastecimento da Grande Vitória pode ser acessado no link https://wribrasil.org.br/pt/publicacoes/infraestrutura-natural-para-agua-na-regiao-metropolitana-da-grande-vitoria.

Redação Jornal Tempo Novo

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