Essa matéria foi publicada em 2017 e agora está sendo utilizada no quadro “Quinta é Dia de TBT”.
Um dos patrimônios arquitetônicos mais antigos do Brasil está na Serra. Trata-se da Igreja de São João Batista de Carapina que foi construída por jesuítas em 1584, no século XVI. Quem passa pela rodovia do Contorno de Vitória, na altura do TIMS consegue avistar a edificação.
A herança deixada por padre Braz Lourenço, responsável pela construção, completa este ano 433 anos (agora em 2020 36 anos) de existência e é tombada como patrimônio histórico pelo Conselho Estadual de Cultura dede 1984.
Apesar do potencial turístico e histórico o local não é aberto a visitação. A igreja abre somente aos domingos para celebrações e missas, às 8 horas, comandadas pela Paróquia São José Operário, de Carapina.
Além da capela São João de Carapina, o Sítio Histórico de Carapina, que possui 42 mil metros quadrados, integra também as ruínas de um casarão da época e uma área de mata Atlântica.
Nos arredores do local está enterrado um dos fundadores da Serra, o cacique Temiminó Macarajaguaçu. Além disso, foi nesta capela que aconteceu o primeiro milagre do único santo que viveu em terras capixabas, o padre José de Anchieta.
O livro História da Serra, do historiador Clério Borges conta que Anchieta auxiliava Braz Lourenço em seu trabalho de catequese em 1569, quando esteve em Carapina. Foi nesse ano que o Beato realizou o chamado de ‘Milagre do Pato’, quando fez o menino Estevão Machado, que era mudo, falar. O caso foi incluído no processo de beatificação de Anchieta.
Guardião do local há 20 anos, Sinvaldo Vieira de Menezes conta que ele é o responsável pela limpeza e pelo cuidado com a capela. “Faço por amor, para zelar as coisas de Deus. É um patrimônio histórico, de extrema importância. Aquele local é mais velho que Nova Almeida. Estou no local todos os sábados. Antes de eu estar lá, ficava fechado, tinha muito mato, invasores. Depois que passamos tomar conta temos mais controle da situação”, conta o morador de Carapina, de 65 anos.
Mesmo com quase 500 anos de existência, a edificação da capela está em boas condições de conservação e segundo a Assessoria de Comunicação da Prefeitura da Serra, é dada assistência constante no local e não há necessidade de restauro.
Invasão e energia
Recentemente o sítio histórico sofreu com o ataque de invasores de terra. Segundo moradores dos arredores, a Prefeitura da Serra retirou os invasores do local e todos os cabos de energia elétrica para evitar que novas invasões acontecessem. “Só que não ligaram mais e há cerca de dois meses, as celebrações acontecem sem energia elétrica na capela. Só Deus para tomar conta de nós lá”, desabafa.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura da Serra, que disse que já solicitou faz duas semanas à EDP o restabelecimento e aguarda providência da empresa. Vale esclarecer que a energia foi desligada pela empresa por conta de ligações de energia irregulares que estavam acontecendo na região.