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Pedro Feu Rosa | Médico que eternizou o nome por salvar à vida dos mais humildes sem cobrar nada

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Dr. Pedro Feu Rosa, nascido e criado na Serra, foi um médico com olhar fraternal sobre os mais humildes. Créditos: fotos digitalizadas no acervo do TN/sem identificação de autoria

Quem conheceu o bairro das Flores, na Serra?  Nunca ouviu falar…? Mas é certo que o bairro Feu Rosa, o caro leitor já ouviu falar, conhece e sabe onde é. Não é para menos, Feu Rosa é um dos locais mais importantes do Espírito Santo, tanto pela expressividade populacional, bem como pela importância econômica e pluralidade humana. Feu Rosa é lar de talentos de várias áreas, como hip hop, rap, grafite, moda, esporte e até culinária.

O antigo Bairro das Flores se transformou em Feu Rosa em uma homenagem ao médico Dr. Pedro Feu Rosa, que abraçou a profissão atendendo a todos que o procurassem, podendo pagar ou não. Ainda criança, já afirmava, com convicção, que queria ser médico “para socorrer gente pobre”. E assim o fez por cerca de 50 anos. Por isto mesmo, “saiu da profissão mais pobre do que quando entrou”, dizem pessoas que conviveram com ele.

Pedro nasceu na Serra no dia 12 de junho de 1900 e morreu em Vitória no dia 23 de maio de 1977. Filho do comerciante João Pedro Feu Rosa e de Victória Feu Rosa, Dr. Pedro iniciou o Curso Primário na Escola Pública da Serra e concluiu na Escola Paroquial de Vitória.

Casou-se com Leonor Miguel Feu Rosa em 27 de junho de 1931 e tiveram seis filhos, alguns deles, que assim como o pai, marcariam para sempre a história da Serra:

Maria Tereza Feu Rosa Pazolini, Antônio José Miguel Feu Rosa, José Maria Feu Rosa (ex-prefeito da Serra e advogado, profissão exercida também pelos outros dois irmãos citados); Ana Maria (Lia) Feu Rosa Vecci (bacharel em Filosofia), Pedro Feu Rosa Filho (médico) e João Miguel Feu Rosa (engenheiro e ex-deputado Federal).

Contexto histórico

Naquele início do século 20, quando Dr. Pedro era somente um jovem beirando a maioridade, a Serra vivia um período de muita dificuldade. Isso porque, a abertura da Estrada de Ferro Vitória-Minas e de outras estradas ligando Vitória às regiões produtoras de café e açúcar, deram mais acessos logísticos a capital, em especial ao porto de Vitória, que era utilizado para escoar mercadoria.

Com isso a economia da Serra começou a enfraquecer, já que o município servia de ponto de parada dos comerciantes que faziam rota para a capital. E era exatamente essa atividade de entreposto, que movimentava a Serra e fazia girar a já pequena economia. Aos poucos o município ia perdendo importância, dando início a um gradativo processo de esvaziamento populacional e aumento da escassez de recursos básicos, tornando a Serra, um lugar sem oportunidades.

Verificando que a decadência e a pobreza já rondavam a cidade, afastando as possibilidades de seus filhos ganharem a vida, Seu João Pedro (pai do jovem Dr. Pedro) levou a família para Alfredo Maia, onde existia uma estação ferroviária, o que oferecia melhores perspectivas de vida.

Ali, Pedro Feu Rosa passou a adolescência, às margens do Rio Santa Maria (rio que atualmente abastece a Serra).  O jovem Pedro atravessava quase diariamente o rio, para visitar a célebre Igreja de Queimado e as famílias dos pobres canoeiros, que lhe narravam os feitos heroicos dos escravos construtores da referida igreja (Revolta do Queimado, ano de 1849). Pedro começou a trabalhar aos oito anos, na estação ferroviária, ajudando o telegrafista e ganhando uns trocados.

Ofício de médico para salvar gente humilde

Os pais ouviam sempre o menino Pedro falar que sua maior aspiração era ser médico, pois via muitos pobres sofrerem e morrerem sem nenhum recurso, sem socorro médico, o que muito o constrangia: “Quero ser doutor, para salvar gente pobre, abandonada!”, dizia.

E o menino foi matriculado no Ginásio Espírito Santo, hoje Colégio Estadual, onde foi ótimo aluno. Concluído o período ginasial, seguiu para o Rio de Janeiro, à custa de grande sacrifício de sua mãe. Inscreveu-se para exames na Faculdade Nacional de Medicina e conseguiu boa classificação. Seis anos depois, em dezembro de 1929, colou grau, após prestar serviços em vários hospitais do Rio.

Com o diploma de médico registrado, voltou a Vitória, sendo logo nomeado médico da Santa Casa de Misericórdia, pelo então provedor Dr. Eurico Borges de Aguiar, e ali trabalhou para os pobres durante 35 anos.

Depois, o superintendente da Estrada de Ferro Vitória-Minas, seu ex-professor Ceciliano Abel de Almeida, o nomeou médico da empresa, onde permaneceu alguns anos, recebendo sempre a amizade de funcionários e operários. Entretanto, a Diretoria seguinte que assumiu a empresa, passou a se incomodar com seu olhar caridoso com os pacientes, que era considerado por eles ‘excessivo’; e Dr. Pedro resolveu abandonar a Vitória-Minas, que se transformaria na Companhia Vale do Rio Doce, hoje, apenas ‘Vale’.

Foi nomeado médico-legista pelo Interventor Bley que, mais tarde, o surpreendeu com a nomeação para ocupar a recém-surgida vaga de chefe do Serviço Médico Legal. No Governo Jones dos Santos Neves, conseguiu criar o Instituto Médico Legal (IML), sendo agraciado com o cargo de diretor.

Ainda na época do Governo Bley, com diversos colegas, fundou a Faculdade de Odontologia, onde lecionou Fisiologia durante 30 anos. Com Norbertino Bahiense, Silvestre Lopes, Eufrásio Silva e outros, fundou a “Policlínica Antônio Aguirre”, que relevantes serviços prestou à pobreza de Argolas, Vila Velha, Itaquari, Itacibá e redondezas.

Em todo este período, Dr. Pedro nunca se esqueceu da Serra, sua terra-natal, aonde vinha constantemente para atender de forma voluntária e gratuita em benefício do povo durante muitos anos.

Aclamado pela população, foi empurrado para política sem nunca pedir voto

Pedro Feu Rosa não queria ingressar na política, mas, a convite do seu amigo Interventor Bley, foi candidato a vereador de Vitória e foi o mais votado, sem pedir votos. Foi autor de projetos como: construção da Rodovia do Contorno (Serra x Cariacica); da Rua Antenor Guimarães, onde passou a residir e onde viveu seus últimos dias; da ajuda às enfermarias da Santa Casa de Misericórdia.

Indicado pela UDN (União Democrática Nacional) da Serra para ser candidato a deputado federal, Dr. Pedro quis recusar, por ser avesso à política e não melindrar outros amigos dos Partidos Trabalhista e Republicano, que também haviam insistido em sua candidatura. Mas o presidente da UDN da Serra era seu cunhado Edson Juracy. E havia o reforço de sua sogra, Anna Borges Miguel, que dizia que a Serra precisava de sua dedicação também no Parlamento.

Quando deputado (1966), Dr. Pedro muito lutou pela Serra e pelo Espírito Santo, mas pouco conseguiu, porque, naquela época, a voz da oposição não era ouvida. O único projeto que viu realizado foi o da construção do Colégio Estadual, com a colaboração de Dr. Nelson Abel de Almeida e Dr. Guilherme Santos Neves.

Honrarias

– Título de Serrano Ilustre, conferido pela Câmara Municipal da Serra.

– Título de Cidadão Capixaba, pela Câmara Municipal de Vitória.

– Diploma de Honra ao Mérito Obrigado Doutor, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

– Título de Benfeitor da Associação Luíza Marilac, em discurso de Hermínia Passos Costa. A presidente, Irmã Josefa Mosanah, dirigiu-lhe muitos agradecimentos pela atuação generosa junto aos velhos desamparados.

Bairro Feu Rosa eternizou Dr. Pedro e seu olhar fraternal sobre os mais humildes

Não é a intenção deste texto, detalhar a criação do bairro Feu Rosa, e sim contar a história daqueles serranos que eternizaram seus nomes na cidade. Entretanto, se tratando da importância de Feu Rosa, aqui está um resumo sobre a origem e desenvolvimento do local:

Construído no Governo de Eurico Rezende (1979-1983), originalmente, o bairro foi planejado pela COHAB (Companhia Habitacional do Espírito Santo) para ser chamado Bairro das Flores; entretanto acabou mudando em homenagem ao Médico Dr. Pedro Feu Rosa.

A ideia da COHAB era criar um conjunto de moradia destinado aos trabalhadores que iriam construir a futura Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) – atual ArcelorMittal Tubarão. Entretanto, a distância em relação à ponta sul da Serra e a capital Vitória, não atraiu muita gente. Devido à baixa procura a COHAB foi gradativamente abandonando o bairro.

Com centenas de residências já prontas, aos poucos o bairro foi sendo ocupado; entretanto no dia 15 de janeiro de 1985 toneladas de rochas deslizaram sobre a comunidade do Morro dos Macacos, em Vitória, deixando 40 pessoas mortas, 150 feridas, vários desaparecidos e mais de 600 famílias desabrigadas. Na época, cerca de 200 dessas famílias foram trazidas para Feu Rosa.

Rivalidade entre os ex-prefeitos Motta e José Maria Feu Rosa mudou nome do bairro várias vezes

Nos anos 80, a política da Serra foi marcada pela rivalidade José Maria Feu Rosa (esquerda da imagem) e João Batista da Motta (direita da imagem).

Com o passar do tempo o número de moradores foi aumentando até o bairro se tornar o mais populoso da Serra e um dos maiores do Estado. Durante a gestão do ex-prefeito João Batista da Motta (1983-1988), o bairro Feu Rosa voltou a se chamar Bairro das Flores, isso porque Motta na época era adversário político da família Feu Rosa.

Porém, após o ex-prefeito Jose Maria Feu Rosa (filho de Dr. Pedro) retornar para o cargo em 1989, foi sancionada a Lei Municipal 1.328/1989 decretando a alteração do nome Bairro das Flores para voltar a ser ‘Dr. Pedro Feu Rosa’.

Posteriormente, novamente por questões políticas, em 1995, na 2ª gestão de Motta, foi realizado um plebiscito pela Associação de Moradores de Feu Rosa que decidiu que o bairro se chamaria Bairro das Flores (pela 3ª vez). A votação foi cheia de polêmicas e sem nenhuma transparência.

A mudança não desceu bem entre a maioria dos moradores, que continuaram a tratar o bairro como Feu Rosa. Foi quando no 1º mandato do atual prefeito Sergio Vidigal, foi sancionada a Lei Municipal 2.229/1999, que formalizou o nome de 119 bairros, incluindo o Bairro das Flores, que passou definitivamente a se chamar somente ‘Feu Rosa’.

Este texto é uma adaptação feita pelo jornalista Yuri Scardini da coletânea produzida e publicada pelo Jornal Tempo Novo em 2011, com o nome: ‘Protagonistas da Serra’. Escrito originalmente pelo jornalista Maurilen de Paulo Cruz e publicado na edição 931.

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