Uma pesquisa realizada pela Prefeitura da Serra demonstra, em resultado parcial, que 86% das famílias que moram na Serra e possuem estudantes nas escolas municipais, são contrárias ao possível retorno das atividades escolares presenciais no ensino fundamental este ano. Conforme adiantado na última quinta-feira (1°) pelo TEMPO NOVO, mesmo após o governo do Espírito Santo liberar a volta às aulas, a Secretaria Municipal de Educação ainda está decidindo se vai continuar ou não com as unidades fechadas durante a pandemia causada pelo coronavírus.
Os dados parciais da pesquisa que ainda está acontecendo foram divulgados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes). A diretoria do sindicato participou de uma reunião, juntamente com a secretária de Educação da Serra, Munira Bortolini. Durante o evento, segundo o Sindiupes, a secretária disse que a tendência é de não retorno das aulas presenciais – o que já havia sido adiantado pelo TEMPO NOVO ontem.
Até o momento o resultado registrado é: Educação infantil – 78,8% são contra o retorno às aulas presenciais e 21,2% a favor. Já no Ensino fundamental, são 86,1% contra e 13,9% a favor. O sindicato ainda afirma que a Prefeitura da Serra prometeu que a decisão oficial em relação ao retorno ou não das aulas presencias somente será dada após a finalização da consulta que está sendo realizada junto às famílias dos estudantes. O resultado da consulta deve ser divulgado até terça-feira, dia 06/10.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação da Serra para atualizar detalhes sobre a volta às aulas, que repetiu a mesma nota enviada na quarta-feira (30). A pasta confirmou que a decisão de retorno está sendo tomada a partir do diálogo com os professores, as famílias dos estudantes e as autoridades de saúde municipal. Além disso, a Prefeitura da Serra tem conversado com outros municípios da Grande Vitória e acompanhando o cenário epidemiológico no estado.
Volta às aulas pode não ocorrer na Serra
O Município, que afirma está dialogando com professores e familiares dos estudantes, também tem conversado com gestores de outras cidades da Grande Vitória, para tentar chegar numa decisão. Caso a gestão do prefeito Audifax Barcelos (Rede) siga o exemplo de Cariacica, a possibilidade as aulas continuarem suspensas é grande.
A reportagem tem acompanhado diariamente as decisões da Secretaria Municipal de Educação (Sedu) sobre a retomada das atividades escolares. De acordo com o cronograma divulgado pelo Estado, a Serra poderia abrir a partir da próxima semana – dia 5 de outubro – os Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei) e as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef). No caso das creches, são diversas medidas de segurança exigidas, como por exemplo, a limitação de 10 crianças por sala de aula.
+ Prefeitura pode não retornar aulas presenciais nas escolas da Serra este ano
Apesar de já estarmos na sexta-feira (2), a Secretaria de Educação ainda não possui uma resposta definitiva para dizer à população. No Espírito Santo, algumas cidades já decidiram que não irão retornar com as atividades presenciais. É o caso de Cariacica, que fica na região metropolitana.
O Município afirmou que só pretende reabrir as unidades escolares em 2021 e neste ano não haverá retorno. Fora da Grande Vitória, vem Colatina, que também não irá voltar às aulas durante os últimos meses de 2020. No caso das duas cidades, a decisão foi tomada após ouvir professores e pais de estudantes, que na grande maioria, se apresentaram contrários.
É importante lembrar que, segundo informações de bastidores, o prefeito Audifax Barcelos (Rede), já demonstrou vontade de retornar às aulas este ano. Tanto que exonerou Gelson Junquilho, então secretário da Educação, por conta de algumas divergências sobre o retorno ou não das aulas presenciais na Serra. Na ocasião, circularam nos bastidores políticos que o então secretário não concordava com a volta às aulas na cidade. A demissão do ex-secretário foi noticiada pelo TEMPO NOVO no dia 17 de agosto. A atual secretária é a Munira Masruha.
Serra já possui protocolo próprio para volta às aulas
De acordo com a Sedu, todas as alternativas estão sendo estudadas, para garantir mais segurança no retorno dos alunos, como o rodízio de estudantes, uso obrigatório de máscaras, distanciamento de 1,5 metro dentro da sala de aula e 2 metros no refeitório. Além disso, o Município já elaborou um protocolo de segurança, assim como o Governo do Estado. Nesse documento, ficam definidas regras e medidas para conter o avanço do coronavírus, que também é possível dentro das escolas.
Ao TEMPO NOVO, a Prefeitura da Serra também informou que já realizou licitações para comprar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como máscaras para professores, demais funcionários das escolas e estudantes. Já foram adquiridos também álcool em gel, totem dispay, papel toalha e outros. Apesar disso, é importante destacar, que não existe uma data definida para a volta às aulas em escolas de ensino fundamental da Serra.
Professores temem contaminação nas escolas
O anúncio da possível volta às aulas gerou grande polêmica entre professores, pais e alunos da Serra. Os profissionais de educação temem uma contaminação em massa dentro das salas de aulas e dizem que as escolas públicas não possuem estruturas para atender alunos em meio à pandemia que afeta o mundo inteiro.
Nas últimas semanas, o TEMPO NOVO ouviu pais, alunos e professores sobre o possível retorno às aulas. Todos os ouvidos pela reportagem responderam “não” para a pergunta enviada: “Você concorda com a volta às aulas neste momento?”. Os profissionais da educação ainda relataram outros problemas que serão enfrentados pelas escolas, caso as aulas sejam retomadas. Entre eles, está a falta de estrutura: salas apertadas e com muitos estudantes em locais, que muitas vezes, recebem pouca ventilação.
Um outra preocupação dos profissionais é com o caminho dos estudantes para as escolas, já que muitos estudantes utilizam o transporte coletivo, que nos horários de picos estão sempre lotados. Muita aglomeração pode ser sinal de contaminação. E um aluno contaminado dentro da escola pode ser um grande risco para funcionários e estudantes.