Categories: Meio Ambiente

Pesquisadores investigam se poluição do ar também ajuda a transmitir coronavírus

Moradora de Laranjeiras, na Serra, mostra pó preto retirado do parapeito de varanda em 2016. Foto: Arquivo TN

Estudo feito por três universidades norte – americanas aponta que o novo coronavírus se manteve no ar e com capacidade de infecção por três horas agarrado a partículas finas (poeira) em suspensão, segundo experimento feito no estudo.

A notícia aumenta a preocupação dos moradores da Serra e das cidades vizinhas na Grande Vitória. É que além da poluição do trânsito, construção civil e de outras fontes de contaminação do ar típicas dos centros urbanos, quem mora na região metropolitana capixaba  também sofre com pó preto e demais poluentes lançados no ar pelas siderúrgicas de Tubarão (Vale e ArcelorMittal). Um problema que se arrasta há décadas, mesmo com o esforço e investimento das duas gigantes para reduzirem suas emissões.

O resultado do estudo norte-americano, ainda em fase preliminar, foi divulgado no The New England Journal of Medicine,  no último dia 17 de março . A pesquisa é conduzida por cientistas de três instituições: o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, localizado em Hamilton; o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que fica em Atlanta e a Universidade da Califórnia, cuja sede está em Los Angeles.

A publicação salienta que o experimento foi feito em condições específicas. E que ainda é necessário experimentar outras situações atmosféricas, que incluem variáveis de umidade, temperatura, ventos e radiação solar, para saber se o novo coronavírus se mantém ativo – e por quanto tempo – junto a partículas de poluição.

Europa

A relação entre poluição do ar e disseminação do novo coronavírus também é objeto de investigação do programa europeu de observação da Terra, chamado de Serviço de Monitoramento Atmosférico Copérnico.

Outra frente de estudo sobre o tema vem da Itália, país severamente castigado pela covid-19. Pesquisadores das universidades de Milão, Trieste, Bolonha e Bari publicaram, recentemente, relatório que aponta a poluição do ar no norte da Itália – parte mais industrializada e a mais afetada pela pandemia – como um dos fatores que podem ter acelerado a disseminação do vírus na região.  O relatório é co-assinado por integrantes da Sociedade Italiana de Medicina Ambiental .

Americanos apontam aumento da chance de morrer

Além da capacidade da poeira em espalhar o novo coronavírus, cientistas também investigam a relação entre exposição à poluição do ar e aumento das taxas de mortalidades entre pessoas infectadas.

Um estudo nessa direção vem da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. E concluiu que pacientes com a covid-19 que moram em lugares com altos níveis de poluição do ar têm mais chance de morrer do que pessoas infectadas que moram em lugares de atmosfera mais limpa.

O estudo avaliou óbitos, internações e testes em 3.080 condados (regiões administrativas que ficam dentro dos estados) nos EUA.

A pesquisa levantou dados de poluição pelas partículas de menor tamanho no período entre os anos 2000 e 2016. Por serem mais finas e conseguirem entrar mais profundamente no organismo, essas micropartículas – identificadas pela sigla PM2,5 – são consideradas as mais perigosas à saúde.

Através de modelo matemático que cruzou os dados de poluição no período analisado com as mortes ocorridas nas últimas semanas, os pesquisadores concluíram que a taxa de mortalidade por coronavírus é maior entre as pessoas de locais com maior incidência de poeira.

A pesquisa ressalta ainda que a exposição à poluição do ar na população analisada também gerou aumento das doenças cardiovasculares e outras comorbidades que tornam pacientes mais suscetíveis à complicações pela covid-19. E sugere, por fim, que nas áreas com altos níveis de poluição do ar sejam adotados cuidados extras para retardar a disseminação da pandemia.

Pó preto piora quadro de doentes

respiratórios crônicos, diz pneumologista

Em entrevista concedida ao Tempo Novo no último dia 19 de março, a médica da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo, Cileia Martins, disse que poluentes no ar como o pó preto, por exemplo, pioram a saúde de quem tem problemas respiratórios crônicos. E esses pacientes tem maior chance de complicações e morte caso contraiam o coronavírus.

“A poluição é agravante para a piora de doenças

Em 13 de janeiro deste ano, uma nuvem de poluição de cor avermelhada vinda da área da Vale foi vista por moradores de Vitória. Emissões visíveis são recorrentes no complexo de Tubarão. Foto: Divulgação

respiratórias, como as que acometem pacientes asmáticos crônicos e portadores de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) severa. Esses pacientes terão maior risco caso contraiam o novo coronavírus, pois a doença afeta muito o trato respiratório inferior, localizado na caixa torácica”, explica Cileia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em cerca de 4,2 milhões as mortes provocadas pela poluição do ar anualmente no planeta. Mas, no início de março, pesquisadores de duas instituições alemãs, o Instituto Max Plant e a Universidade Johannes Gutenberg, esta última da cidade de Mainz, estimaram que o número é bem maior: 8,8 milhões de mortos por ano.

Redação Jornal Tempo Novo

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