Por Ayanne Karoline
Escândalos de corrupção, baixas no preço do petróleo, crise econômica nacional e cortes em investimentos. O saldo de 2015 não será dos melhores, senão o pior dos últimos anos para a Petrobras. Os impactos negativos são tantos que levaram a empresa a abandonar alguns projetos no Espírito Santo, entre eles, uma unidade inteira localizada na Serra. Cerca de 1 mil empregos serão perdidos.
A estatal informou, por meio de nota, que as atividades no Terminal Industrial e Multimodal da Serra (TIMS), localizados na região do Contorno, serão encerradas até abril de 2016. Segundo o texto, a decisão da mudança das atividades ocorreu em alinhamento com o Plano de Negócios da companhia. O novo destino da unidade será a cidade de Macaé, no Rio de Janeiro.
Atualmente, em uma área de 230 mil metros quadrados no TIMS, a empresa desenvolve atividade de armazenamento de equipamentos e insumos usados no trabalho offshore. Cerca de 170 pessoas trabalham no local, entre empregados da Petrobras e funcionários de prestadoras de serviços.
Quem presta serviço para a Petrobras já sofre. A Columbia Tecnologia em Petróleo, localizada no Civit II, por exemplo, calcula uma queda de 80% no volume comprado pela empresa. “É o nosso contrato de maior expressão e tem dado prejuízo, principalmente neste segundo semestre do ano”, afirma o diretor comercial da Columbia, Gerlysson Pegoretti.. Ele ainda destaca que alguns imóveis da empresa que foram alugados para outras prestadoras de serviços da Petrobras estão sendo devolvidos.
O secretário de Desenvolvimento Econômico da Serra, Erly Vieira, afirma que ainda não foi oficializada a saída da empresa junto à Prefeitura. Ele destaca que a Petrobras já vem apresentando baixas na arrecadação de impostos para a cidade há um ano, devido à redução de exploração e serviços. “Podemos esperar danos drásticos aos cofres públicos e à geração de empregos e renda”, afirma.
Mais desemprego à vista no setor de petróleo
Além do encerramento de atividades no TIMS, a Petrobras cancelou duas novas plataformas previstas para o Espírito Santo. A suspensão faz parte dos cortes, de US$ 90 bilhões no país, anunciados em junho com o Plano de Negócios 2015-2019.
Outra baixa da empresa foram os quase 60 mil profissionais terceirizados demitidos no primeiro semestre desde ano. Segundo o Sindipetro-ES, só de novembro até a primeira quinzena de dezembro foram mais de 200 demitidos no Espírito Santo.
Fontes do ramo de petróleo capixaba estimam que cerca de 1 mil empregos serão perdidos, entre diretos e indiretos.
Quanto ao lucro líquido da empresa no primeiro semestre do ano, dado mais recente divulgado, houve queda de 43% referente ao mesmo período de 2014. Os valores ficaram em R$ 5,9 bilhões. Também nos primeiros seis meses do ano os investimentos, que totalizaram R$ 36,2 bilhões, apresentaram queda em relação ao ano anterior. O percentual ficou em 13% negativo.
Por meio de nota, o Governo do Estado informou que a reestruturação da Petrobras no Espírito é preocupante. “Nossa demanda e expectativa é que o ajuste tenha o menor impacto possível na economia capixaba”, minimiza a nota.