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Planejando volta às aulas, prefeitura prevê dificuldades para professores manterem alunos afastados

Aulas podem voltar em outubro no ES. Foto: Jansen Lube

Após elaborar um documento contendo diretrizes para a reabertura das escolas municipais e creches, a Secretaria Municipal de Educação da Serra (Sedu) assumiu que uma das maiores dificuldades que serão enfrentadas pelos professores na volta às aulas, será a tentativa de manter os alunos afastados uns dos outros, e também dos próprios profissionais. Na cidade, ainda não existe uma data definida para quando esse retorno presencial irá ocorrer, mas a Prefeitura da Serra já afirmou que isso irá acontecer em ajuste com as decisões do Governo do Estado, que prevê a volta em outubro.

Apesar dos estados e municípios planejarem a volta às aulas, os professores – na grande maioria – não concordam e já ameaçaram, inclusive, entrar em greve sanitária caso as prefeituras e o Estado decidam pela reabertura das unidades escolares. A Educação da Serra afirma que tem envidado esforços para discutir, planejar e elaborar ações de prevenção a Covid-19, considerando um possível retorno das aulas presenciais devidamente autorizado pelos órgãos competentes.

Ao TEMPO NOVO, a subsecretária pedagógica da Sedu da Serra, Elizângela Fraga, disse que a principal dificuldade será na Educação Infantil, onde professores e crianças sempre tiveram um cuidado e afeto maior. “O principal desafio para um possível retorno as aulas presenciais, acentua-se no fato da dificuldade em manter os estudantes distantes um do outro durante todo o período das aulas, principalmente, os da Educação Infantil, que trabalham com as interações.”

Elizângela ainda continuou: “Além disso, a relação professor-aluno exige uma aproximação para a mediação do conhecimento e, muitas vezes, atendimentos específicos com os estudantes com dificuldade de aprendizagem e público alvo da educação especial. Essa aproximação, mesmo com o retorno presencial, não poderá ocorrer, tendo em vista o distanciamento social imposto pela pandemia”, ressaltou Fraga.

De acordo com a Sedu, todas as alternativas estão sendo estudadas, para garantir mais segurança no retorno dos alunos, como o rodízio de estudantes, uso obrigatório de máscaras, distanciamento de 1,5 metro dentro da sala de aula e 2 metros no refeitório. Além disso, o Município já elaborou um protocolo de segurança, assim como o Governo do Estado. Nesse documento, ficam definidas regras e medidas para conter o avanço do coronavírus, que também é possível dentro das escolas.

Ainda segundo a Sedu, esse documento foi encaminhado para as unidades de ensino, a fim de ser socializado com todos os profissionais para sugestões necessárias ao texto. O documento prevê a organização das escolas considerando, principalmente, o distanciamento social no espaço escolar e protocolos de higiene e limpeza.

“Inicialmente a proposta é que o revezamento aconteça de maneira semanal. Entretanto, tudo está sendo analisado e estudado, para que não haja prejuízo para os estudantes e que o retorno aconteça da maneira mais segura possível para todos: estudantes, professores e demais funcionários. Além disso, estamos planejando o acolhimento aos professores, estudantes e famílias no retorno às aulas, bem como formação e planejamento junto aos professores para elaboração das atividades presenciais e  formação com os professores e estudantes quanto aos protocolos de segurança, em articulação com a Secretaria de Saúde”, afirmou Elizângela Fraga.

Prefeitura gera desconforto ao obrigar professores voltarem a trabalhar presencialmente

Conforme informado pelo TEMPO NOVO, mesmo com as aulas suspensas, os professores da Serra que atuam nas unidades escolares municipais terão que voltar a trabalhar presencialmente. Até então, os profissionais da educação estavam realizando todas as tarefas diretamente de suas residências e enviando para as escolas e alunos. A decisão do retorno, que não será total, foi publicada pelo prefeito Audifax Barcelos (Rede), no Diário Oficial dos Municípios. A categoria afirma que não foi ouvida e nem comunicada sobre a nova determinação – o que a prefeitura nega – e teme contaminação pelo novo coronavírus.

De acordo com o decreto de Audifax, os professores terão que cumprir 20% da sua carga horária dentro das escolas. A regra será válida durante todo o período em que as atividades presenciais estiverem suspensas. Os outros 80% dos serviços poderão ser executados através de teletrabalho, como já estava acontecendo. O prefeito não especificou quais trabalhos os profissionais terão que realizar nas unidade escolares, mas afirma que isso será normatizado pela Secretaria Municipal de Educação.

Os professores inclusos no grupo de risco não serão obrigados a irem até as escolas. “Aos servidores do grupo de risco que se encontrem em teletrabalho, na data de publicação deste Decreto, fica possibilitado o retorno voluntário ao trabalho presencial, mediante prévia comunicação a chefia imediata de cada órgão ou entidade que, por sua vez, encaminhará a frequência com essa informação a Secretaria Municipal de Administração e Recursos Humanos”, diz o texto publicado por Audifax.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) acionou o Ministério Público para cobrar explicações do prefeito sobre o retorno presencial.

Professores não querem volta às aulas na Serra

O anúncio da possível volta às aulas em outubro gerou grande polêmica entre professores, pais e alunos da Serra. Os profissionais de educação temem uma contaminação em massa dentro das salas de aulas e dizem que as escolas públicas não possuem estruturas para atender alunos em meio à pandemia que afeta o mundo inteiro.

Nas últimas semanas, o TEMPO NOVO ouviu pais, alunos e professores sobre o possível retorno às aulas. Todos os ouvidos pela reportagem responderam “não” para a pergunta enviada: “Você concorda com a volta às aulas neste momento?”. Os profissionais da educação ainda relataram outros problemas que serão enfrentados pelas escolas, caso as aulas sejam retomadas. Entre eles, está a falta de estrutura: salas apertadas e com muitos estudantes em locais, que muitas vezes, recebem pouca ventilação.

Outra preocupação dos profissionais é com o caminho dos estudantes para as escolas, já que muitos estudantes utilizam o transporte coletivo, que nos horários de picos estão sempre lotados. Muita aglomeração pode ser sinal de contaminação. E um aluno contaminado dentro da escola pode ser um grande risco para funcionários e estudantes.

Gabriel Almeida

Jornalista do Tempo Novo há mais de oito anos, Gabriel Almeida escreve para diversas editorias do jornal. Além disso, assina duas importantes colunas: o Serra Empregos, destinado a divulgação de oportunidades; e o Pronto, Flagrei, que mostra o cotidiano da Serra através das lentes do morador.

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