Por Ana Paula Bonelli
A imagem de uma onça parda no alto do Mestre Álvaro causou surpresa e repercussão em todo estado há duas semanas. O animal, que é de grande porte, foi fotografado por um grupo de amigos que subiu ao topo do principal monumento ambiental e paisagístico da Serra.
O comandante do Destacamento da Polícia Ambiental da Serra, Sargento Reis, não deve ser retirado do morro se ainda estiver lá. “Aquela área é um corredor ecológico que liga a reserva de Duas Bocas ao Mestre Álvaro. Não seria impossível que este animal estivesse em busca de alimento naquele local. Estamos monitorando a área para saber se a onça ainda está por ali”, destacou Reis.
O policial disse ainda que não há registro de reclamações de ataques as criações de proprietários rurais da região. “Vamos monitorar a presença dela, mas ela ficará lá. Aquele é um ambiente natural dela”.
Perguntado se a onça oferece perigo, o sargento disse que não é um animal que costuma atacar pessoas, a não ser que esteja acuada. “Na verdade, ela contra-ataca para se defender de ataques. A recomendação é que se alguém avistá-la não tente se aproximar”, alerta.
O sargento pede a colaboração da população do entorno do Mestre Álvaro e de pessoas que costumam se aventurar no monte em subidas ecológicas ou para fazer orações. “Pedimos que se alguém avistar a onça entre em contato com a Polícia Ambiental. As denúncias ou informações podem ser feitas pelo telefone 190 ou pelo 3636-0173”.
O animal é protegido por lei e agredi-lo ou matá-lo é crime ambiental.
Degradação
O sargento demonstrou ainda grande preocupação com a situação do monte. “Temos registros de caça predatória e uso indevido da água dos córregos. Fazemos nosso trabalho com amor e ficamos preocupados em assistir o mau uso dos recursos ecológicos daquela área. Tem muito desmatamento em torno de nascentes e inclusive estamos programando uma ronda no local para averiguar esta situação”, avisa.
Ele pede à população que denuncie casos de agressão pelos telefones 190 ou 3636 – 0173
Riqueza do Mestre
O Mestre Álvaro é uma Área de Proteção Ambiental (APA) e é habitat natural de centenas de espécies de animais silvestres. Entre os mais comuns estão a paca, a cotia, tatu além de macacos de diversas espécies como o barbado, o bugio e o sagui, animais que estão entre as presas da onça parda.
Além disso o morro abriga cerca de 800 hectares de mata Atlântica em diferentes graus de recuperação que protegem nascentes das lagoas Juara, Jacuném e do Canal dos Escravos.
A Secretária Municipal de Meio Ambiente da Serra, Andreia Carvalho, diz que o município estuda transformar parte da APA num Refúgio de Vida Silvestre (Revis). “Estamos discutindo a recategorização de uma pequena área da Apa do Mestre Álvaro, cuja indicação do estudo técnico (Plano de Manejo) conclui sobre a instituição de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral do tipo Refúgio Silvestre”, frisa.
Restrições
Na prática se o Refúgio da Vida Silvestre for implantado haverá restrições para plantações, pastagens, pecuária e novas construções no Mestre Álvaro, conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) – Lei Federal 9.985/2000.
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