Polícia prende bandidos que mataram homem dentro de lava jato na Serra

GUSTAVO LOPES

Quatro bandidos foram presos pela morte de um homem dentro de um lava jato em Jardim Limoeiro, na Serra. O crime ocorreu no dia 23 de junho de 2023. A vítima, Adriano Pereira Lopes, 28 anos, trabalhava no estabelecimento comercial quando foi alvejado com 14 tiros e veio a óbito no local.

As investigações duraram cinco meses, resultando em 10 prisões, sendo quatro pelo crime de assassinato de Adriano. Além das prisões, também foram apreendidas armas de fogo.

As investigações, lideradas por Rodrigo Sandi Mori, titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, indicam que a vítima tinha envolvimento com tráfico de drogas. Em 2017, teve um desentendimento por pontos de drogas na região da Vale em Central Carapina, sendo expulso do bairro e passando a ser ameaçado de morte pelos traficantes locais.

Um dos presos, Samuel Rangel Moreira, chegou a oferecer uma recompensa de 3 mil reais pela cabeça da vítima. O pedido na época era para quem pudesse entregar seu paradeiro para ser morto.

No dia do crime, um adolescente que fazia parte do tráfico da região e que também trabalhava no lava jato, informou aos assassinos que Adriano estaria no interior do estabelecimento lavando seu carro.

Logo após a informação do adolescente, os quatro indivíduos: Hudson Tiago da Silva, Samuel Rangel, Eduardo Luis de Almeida e Diego Manhaes de Jesus saíram a bordo de duas motocicletas até o bairro Jardim Limoeiro.

Chegando ao local do crime, Hudson, que estava vestindo uma camisa de empresa na cor azul, e Diego, que estava com uma jaqueta camuflada do exército, desembarcaram da motocicleta e entraram armados no estabelecimento.

Enquanto Hudson rendia dois funcionários do lava jato, Diego se aproximava da vítima disparando vários tiros de arma de fogo. Logo depois, Hudson também se aproximou e terminou de executar a vítima com 14 disparos, sendo três só na cabeça.

Churrasco e fogos de artifício para comemorar morte na Serra

Após o crime, os quatro criminosos retornaram ao bairro Central Carapina e comemoraram a morte do seu desafeto com churrasco e fogos de artifício durante todo o dia. A polícia recebeu várias informações por denúncias de pessoas que identificaram os autores do crime.

No dia 03 de julho de 2023, a polícia efetuou a prisão de Diego Manhaes; já no dia 31 de outubro, efetuou as prisões de Eduardo e Samuel no bairro Central Carapina, e de Hudson no bairro Porto Canoa.

Na mesma data, foi realizado um mandado de busca em residências e, em uma delas, foi encontrado e apreendido o uniforme utilizado por Hudson na hora do crime. Já em outra residência, a jaqueta camuflada utilizada por Diego foi encontrada e apreendida.

Crimes dos bandidos presos na Serra

Os quatro foram indiciados pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe, que impossibilita a defesa da vítima, associação criminosa e corrupção de menores. O menor foi adicionado ao ato infracional pelos mesmos crimes e tráfico de drogas.

O adolescente é sobrinho de um dos apreendidos e tinha participação ativa no tráfico de drogas de Central Carapina. O menor ainda trabalhava eventualmente no lava jato.

No dia do crime, o sobrinho pediu para o dono do lava jato sair mais cedo para almoçar e já saiu indo direto ao bairro Central Carapina avisando aos executores. Voltou ao lava jato 20 minutos depois e, logo em seguida, os executores chegaram e executaram a vítima.

Investigações

Nas buscas ao bairro Central Carapina, a Polícia Civil fez a apreensão de sete armas de fogo. Além da prisão de 10 pessoas, incluindo os executores do crime, as armas estavam em posse de traficantes ou eram guardadas em residências e estabelecimentos do bairro por pessoas que eram coniventes com o tráfico de drogas.

Uma das armas, uma pistola 380, foi apreendida com Gabriel de Souza Lacerda, que ostentava armas em suas redes sociais. Gabriel também era ativo no tráfico e participou de crimes ocorridos na Audifax Barcelos.

A prisão de Hudson também se deu pelo fato de que, na época do crime, ele comandava o tráfico na região da Vale em Central Carapina. Ele é perigoso, possui várias passagens pela polícia, é articulado e vivia fora do bairro, morando em Porto Canoa. Ele ainda ostentava festas com dinheiro do tráfico, conforme apurado pelo Jornal Tempo Novo.