Por Conceição Nascimento:
Continuam rendendo entre policiais militares do Espírito Santo as críticas feitas pelo vereador Luiz Carlos Moreira (MDB) em direção às homenagens feitas pelo colega de plenário, Cabo Porto (PSB), aos membros da Polícia Militar na Câmara da Serra. O socialista é autor de sessões solenes, projetos e votos de congratulações realizados na Casa.
Em seu discurso, durante a sessão da última quarta-feira (21), o vereador utilizou diversos minutos do seu tempo para proferir críticas ao colega Porto e ainda cobrou a presença do mesmo no plenário para que pudesse enfrentá-lo.
“Fico chateado quando um ex-policial militar (Porto) sobe aqui e critica a palavra ‘sapecar’. Sobe aqui, fica criticando a segurança do Estado, fica fazendo diversas críticas aqui. Fica fazendo honrarias todas as semanas a policiais militares; umas honrarias indevidas, umas honrarias escrotas. Vai ter que me enfrentar aqui, quero ver as palavras dele para contestar as minhas palavras. Muitas vezes fui surpreendido aqui, quando ia dar um abraço encontrava uma pistola na cintura. Parece que eles não conhecem a Constituição Federal, nesta Casa é proibido qualquer tipo de armamento; não precisamos disso aqui, somos homens do diálogo. O que precisa pra me enfrentar é usar a Tribuna e falar a verdade”, afirmou o vereador.
Fala infeliz
Um PM recentemente homenageado na Câmara lamentou o discurso do vereador. “Isso mostra o valor que ele dá ao policial militar. Me entristece bastante ver que algumas autoridades pensam assim. Recentemente fui homenageado na Casa, foi um momento único na minha carreira. Não trabalhamos por homenagens, por honrarias, mas as homenagens oferecidas a mim e aos meus irmãos de fardas; mas pela motivação da vida”, disse o soldado Cassoto.
Segundo o policial Ruan Pereira, a fala do vereador Moreira foi “infeliz. Eu poderia dizer que escroto é um vereador sem expressão nenhuma se pronunciar para ter mídia; não valorizar o funcionalismo outro; viver em uma total inversão de valores e criticar quem jurou servir e proteger”, disse o soldado, que também foi homenageado.
Procurado pela reportagem Luiz Carlos Moreira contemporizou. “Não fiz comentários contra a polícia; fiz um comentário sobre as honrarias feitas fora da sessão, antes da sessão. Acho que a Polícia merece a honraria, mas não posso chegar segunda e quarta, fora da sessão, com essas homenagens. Acho que deve fazer isso dentro de uma sessão solene, homenageando 100, 200 policiais militares. Se pensa que está se capitalizando com isso aí não me interessa, nossa discussão é na Tribuna. Se tiver que repetir repetirei. Acho que isso não é homenagem é politicagem com a Polícia Militar”, avaliou.
Já o vereador Cabo Porto observou que a crítica dele foi às diversas homenagens e sessões, em datas como o Dia do Soldado, medalha Mestre Álvaro (de minha autoria), votos de congratulações e outras. Disse que cada solenidade contou com 300 a 500 pessoas, familiares de PMs emocionados pelas homenagens.
“É preciso esclarecer que não sou ex-policial militar, sou cabo da Polícia Militar; falo aquilo que os agentes de segurança pública não podem falar, minha bandeira, como presidente da Comissão de Segurança, é cobrar”, lembrou. Não é politicagem, são honrarias e homenagens a policiais ou agentes de segurança pública que se destacam todos os dias no município mais violento do Estado. Eu atuava nas ruas e sei o quanto me sentia valorizado quando recebia alguma homenagem e hoje quero fazer isso com meus irmãos de farda. Continuarei fazendo”, afirmou.
Cabo Porto comentou ainda sobre o uso da farda, também criticado por Moreira. “A farda eu uso para palestras oferecidas a crianças e adolescentes. Qualquer pessoa possa usar farda, desde que não tenha brasão. A farda simbólica (sem brasão e insígnias) uso para palestras com crianças e adolescentes em situação de risco num trabalho social que se chama Trocando experiência de vida para salvar vidas (para terem cuidados com o assédio do mundo do crime, principalmente as drogas). A farda da polícia militar (minha segunda pele) uso em solenidadesSobre o uso da arma, ele disse que foi me abraçar e sentiu a arma, o Regimento Interno é omisso, mas eu tenho porte de arma e histórico na Polícia Militar”.