Yuri Scardini
Há pouco mais de um mês na presidência da Câmara da Serra, o vereador Rodrigo Caldeira (Rede) ainda não mostrou pra que veio. Rodrigo vem travando uma guerra velada com o prefeito Audifax Barcelos (Rede), mesmo que os discursos públicos caminhem para o entendimento e harmonia, isso definitivamente não condiz com a fervura dos bastidores, campo onde a política é realmente exercida.
Há um grande cabo de guerra envolvendo os aliados do prefeito e o grupo de Rodrigo Caldeira, que buscam formar o maior número de vereadores. Para qual contexto específico esse quantitativo de parlamentares é importante? Para a eleição interna da Câmara, naturalmente. E por quais motivos isso é tão nevrálgico? Para começar pelo óbvio, ao fim do mandato, o vereador-presidente vai gerir pouco mais de R$ 65 milhões, isso por si só já significa poder. Mas politicamente essa eleição guarda uma questão pra lá de conflituosa: a sucessão de Audifax.
A tal eleição refere-se ao segundo biênio, ou seja, os últimos dois anos de mandato dos vereadores e do prefeito. É disso que se trata toda essa bandalheira política que se intensificou na Serra durante esse ano de 2018. Além de se aliar ao grupo de oposição, comenta-se nos bastidores que Rodrigo Caldeira buscou aliados fora dos limites territoriais da Serra. Entre eles, estaria o deputado estadual Marcelo Santos, que recentemente se filiou ao PDT, partido monarquiado pelo deputado federal Sérgio Vidigal, maior adversário político de Audifax.
Ao que parece, os capítulos são novos, mas a história é antiga. Portanto, na presidência, Caldeira não deve oferecer nada de novo aos 500 mil serranos. Para exemplificar, desde o dia 28 de março, foram 6 sessões presididas por Caldeira e seu grupo. Foram incluídos 29 projetos de lei para apreciação dos vereadores. Em sua ampla maioria são projetos indicativos com pouca ou nenhuma aplicabilidade, mas nenhum projeto de autoria do poder Executivo. Caldeira aparenta ter engavetado toda a agenda administrativa do município para talvez arrochar o prefeito e obrigá-lo e dar sua benção, numa guerra ensandecida por poder que diminui a Serra, maior cidade do ES, para o patamar de uma província démodé de coronéis cegos.