Por Eci Scardini
A quem pode interessar a candidatura e, principalmente, uma possível vitória do deputado federal Sérgio Vidigal (PDT) à prefeitura da Serra, que não seja a ele mesmo e a seus correligionários?
A muita gente. Principalmente gente grande da política capixaba, que hoje se vê ameaçada pela chegada de Vidigal a um ponto mais elevado da pirâmide do poder.
Com o ex-governador Renato Casagrande aqui fora se preparando para voltar ao topo dessa pirâmide, há uma pressão enorme para evitar a ascensão de mais alguém e Vidigal, depois de 20 anos na política, consegue causar essa sensação em parte da elite política do Estado.
Os dois maiores interessados na candidatura e na vitória de Vidigal são os senadores Ricardo Ferraço, que está com os pés no PMDB, mas o coração no PSDB e Magno Malta (PR), cujo mandatos vencem em 2018 e o mais natural é que eles busquem a reeleição.
Os dois convivem com a sombra de Casagrande que pode disputar uma das duas vagas ou com a sombra do governador Paulo Hartung (PMDB), que pode não querer disputar a reeleição e voltar para o Senado. Os dois deverão evitar bater chapa, mas o que vier para o Senado tem tudo para ganhar e aí dança Ferraço ou Magno e ter ainda uma sombra chamada Vidigal pode aumentar as dores de cabeça dos dois.
Portanto, quando Ricardo Ferraço falar que vai apoiar Vandinho para prefeito da Serra, desconfiem, pode não ser o extrato da verdade. Assim como pensar que Magno Malta vai dar legenda para o vereador Gideão Svenson (PR) pode não ser também o que venha a acontecer. Eles falam isso agora só para acalmar o mercado, mas o vamos ver mesmo é lá para junho e julho do ano que vem.
Tanto para Ferraço quanto para Magno, interessam mesmo é colar Vandinho e Gideão com o PDT e ‘prender’ Vidigal na prefeitura. A outra hipótese é uma derrota de Vidigal, que em ambos os casos diminuiria a pressão sobre as duas vagas para o Senado.
Tucanos da cidade questionam apoio
O vice-governador César Colnago (PSDB) é outro que tem total interesse na candidatura e na vitória de Vidigal. Primeiro que esse é um compromisso assumido ainda na eleição de 2014. Segundo que isso tira Vidigal do caminho, deixando um a menos no topo da pirâmide política do ES.
Se Vidigal vier e ganhar, Colnago será homem de grande influência na administração municipal, indicando secretários, comissionados e participando das decisões importantes. Será mais um de fora disputando espaço na Serra.
Mas, ao mesmo tempo em que há esses sinais, há também uma determinação de membros da executiva municipal de não abrir mão da candidatura própria a prefeito, pois o PSDB tem sido inexpressivo na Serra, destoando do que é o partido ao nível nacional.
Parte da executiva municipal tem passado por cima até mesmo da vontade de Colnago, fazendo ponte direta com a direção nacional, recebendo desta garantias de apoio à candidatura própria, em consonância com a política traçada pelos tucanos de encabeçar chapas em cidades com mais de 200 mil eleitores.
Por isto, tucanos locais já fizeram um ‘raio x’ de Vidigal para Aécio Neves. Mostraram que o pedetista endossa o governo do PT, é autor de indicações para cargos comissionados no executivo federal, é contra o impeachment e terá como candidato ao Planalto em 2018 o ex-ministro Ciro Gomes.
No plano municipal, os tucanos da Serra questionam as vantagens de apoiar Vidigal. Tanto o novato no ninho Vandinho Leite quanto a cúpula tucana apostam no desgaste de Vidigal, que tem tido muitas notícias ruins vindas dos órgãos de fiscalização e também no desgaste que julgam Audifax estar sofrendo nesse mandato.
Já o governador Paulo Hartung fica vigiando os desdobramentos da política local. Se o desfecho lhe interessar, fica neutro. Se não, mexe seus pauzinhos.