O castigo pela perdulária relação homo sapiens (mais homo que sapien) com a natureza resultou neste apelo que virou moda: poupe água. Estranho e entranhado nesse slogan, no entanto, está outra sentença: pedir para poupar água é pedir para que poupe vida, poupe felicidade. E não há aceno algum à providencial produção de mais água. Essa sim, a fonte de vida e de felicidade.
A providência necessária é de todos sabida. Guardar as cabeceiras dos morros, as matas ciliares, leitos dos rios, riachos e córregos desassoreados, afluentes saneados e utilização racional dos mananciais. Água é vida e viveuse até então na abundância de sua disponibilidade. E todo progresso se deu a partir dessa fonte de vida. A agricultura, pecuária, indústria, comércio e turismo, tem por conta estar próximo e ao alcance desse bem vital.
Nenhuma cidade foi erguida sem que do alto de algum ponto, de lá corresse o líquido precioso e a garantia de saciar sede e saúde para os que habitam aquele lugar. Nenhuma atividade produtiva e econômica se deu, senão sustentada no elemento água adicionada a quaisquer outros elementos, para derivar alguma forma de bem de consumo; e ainda não se conseguiu, por ciência ou tecnologia, substituir essa essência do mundo vivo e do planeta terra.
E se há avanço na legislação que fiscaliza e protege as formas e meios dos mananciais; a vitalidade depende agora de promoção dessas fontes. Não mais de tentar garantir o que ainda resta, mas buscar a fortuna na fartura da produção aquadoura.
Hora de repensar a relação. Se a ordem é para poupar, deve ser tempo ainda de promover água, vida e felicidade.