Praticar corrida não é fácil. É necessário resistência, força muscular, desgaste físico e muita disposição. Agora, imagine tudo isso para um atleta com idade entre 60 e 70 anos. É um desafio, mas praticado com muito gosto por alguns moradores mais vividos da Serra. Esbanjando vitalidade, esses “vovôs” deixam muitos jovens para trás.
Um deles é o morador de Jacaraípe Ademar Tristão Filho, de 70 anos. No currículo, todas as meias maratonas do Rio de Janeiro, todas as Voltas da Pampulha e 11 corridas de São Silvestre, inclusive a de 2014. Já correu em Nova York, Lisboa, Buenos Aires e Chile. Atualmente, é vice-presidente da Federação Capixaba de Atletismo.
No esporte desde 1976, ele confessa que sua vida mudou com a prática. “É um conjunto de benefícios para o corpo e mente. Me traz bem estar, vida saudável e melhor relacionamento com família e esposa”, conta.
Para manter o corpo e o rendimento nas provas, ele corre cinco vezes na semana, cerca de 15 km por dia. Além disso, faz uma hora e meia de academia. “Me sinto com a responsabilidade de servir de exemplo para os mais jovens, levando motivação a quem vive ao meu redor”, diz.
Disposição também não falta para a aposentada Maria das Graças Bittencourt, de 67 anos, moradora de Laranjeiras. Desafiando qualquer olhar duvidoso, ela tem orgulho de dizer que é uma ultramaratonista e das boas. Em sua modalidade, ela corre em corridas de grandes distâncias e que, geralmente, levam mais de 24 horas para serem concluídas.
Em 2014 ela ficou em terceiro lugar geral no feminino, concorrendo com várias idades, numa prova em que correu cerca de 238 km, durante 24 horas sem descanso. Também já foi campeã em provas parecidas no ano passado, onde correu distâncias em torno de 150km.
A atleta garante que não há segredo e diz que a idade não é problema. “Eu comecei tarde, com 53 anos, e mudei minha vida. Meus exames são normais e minha alimentação é saudável. Nunca tive uma lesão”, afirma. Ela conta que a disciplina ajuda a manter o rendimento. “Corro com responsabilidade e respeitando meus limites”.
Como todos, idosos precisam de avaliação para prática esportiva
O professor de Educação Física, Henrique Cuzzuol, diz que idosos praticarem atividade física é antes de tudo um ganho para a saúde e que exercícios como a musculação fortalecem os ossos e evita ou estabiliza os quadros de osteoporose.
Segundo o professor, quase não existem restrições do que eles podem fazer. “Com o passar do tempo, a cartilagem vai se desgastando. Os exercícios servem para fortalecer as articulações”, explica.
Mas é preciso que o idoso fique atento. “Como qualquer praticante, ele precisa passar por um médico para avaliar seu quadro clínico e receber orientação do tipo de atividade que pode fazer”, concluiu o professor.
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