Na última entrevista com os candidatos a prefeito da Serra, antes da eleição, que acontecerá neste domingo (30), o redista Audifax Barcelos fala sobre as motivações para continuar à frente da Prefeitura do município, além do que espera da relação com o rival Sérgio Vidigal (PDT) após as eleições.
[TN] Por que o senhor decidiu se candidatar para a Prefeitura?
[AUDIFAX BARCELOS] Eu decidi pedir aos moradores da Serra uma nova chance para que eu possa concluir o meu trabalho. Qualquer gestor sabe que quando um projeto sofre uma interrupção, a população é a maior prejudicada. O Vidigal já governou a Serra por 12 anos, eu preciso concluir um trabalho que foi planejado para 8 anos. A vez dele vai chegar. Neste momento, nós precisamos unir todas as forças políticas para enfrentar a crise. Não é hora de dividir, é hora de somar. Não é bom para a Serra perder um Deputado Federal. O momento exige dos homens públicos com maturidade política. Os projetos pessoais têm que ser deixados de lado. O bem da cidade tem que estar em primeiro lugar. Esta convicção motivou a minha decisão de disputar a reeleição.
Eleitores vêm reclamando que há muito ataque entre os candidatos e pouco debate de propostas para a cidade. Como o senhor avalia?
Se você observar o meu material de campanha, vai constatar que eu estou focado em mostrar as minhas realizações e apresentar aos eleitores as minhas propostas. Eu reconheço que nos debates, às vezes a gente sobe um pouco o tom da conversa em virtude de algumas inverdades que são colocadas. Por exemplo, em 2012, um estudo do Ministério da Saúde divulgou que a Serra estava entre as 10 cidades brasileiras com o pior serviço de Saúde do país. O prefeito era o outro candidato. Ora, se ele teve condições de fazer uma boa gestão na saúde e nada fez, por que agora se apresenta como o salvador da saúde? A omissão não faz parte do meu caráter. Mas não considero isso uma agressividade, acho que é esclarecer os fatos, contar a verdade para a população. Pelo que acontece na internet, nem eu e nem o Vidigal podemos ser responsabilizados pelos ataques. A internet é um território livre, as duas torcidas fazem o que querem.
O senhor acredita que essa polarização deve continuar após as eleições?
Eu já propus um entendimento com o outro candidato duas vezes nesta campanha. Minha mão continua estendida na direção dele. Mas Vidigal, que diz ter um bom coração, se recusa a dialogar comigo. Mesmo sabendo que neste momento de crise, a nossa conciliação é muito importante para a Serra e ele se recusa a fazer o pacto de união que eu estou propondo desde que saí da UTI. Toda pessoa que viveu a experiência que eu vivi, passando 21 dias entre a vida e a morte, passa a ver o mundo de forma diferente. Essa é a diferença entre eu e o Vidigal hoje – eu mudei, sou um homem renovado, quero esquecer o passado e olhar pra frente, enquanto ele permanece preso às mágoas do passado e apegado ao poder.
Qual é o maior desafio para a Serra em 2017?
Nosso desafio para 2017 é proporcionar oportunidades para todos, transformando a Serra numa cidade cada vez mais humanizada e sustentável.
Obras importantes do Governo do ES estão paradas ou nem começaram na cidade. Como o senhor fará, caso eleito, para reverter isso?
Quanto às obras do Estado, vou continuar fazendo a articulação com o Governo para que elas sejam retomadas o quanto antes. Tenho um excelente relacionamento com o Governador Paulo Hartung, nós dois somos economistas, nós dois sabemos que a obra parada é a mais cara que existe e é por onde mais se desperdiça dinheiro público.
Tem alguma coisa nesta campanha que o senhor faria diferente se tivesse oportunidade?
Acho que eu teria mobilizado a cidade na defesa de um pacto de união entre as suas lideranças políticas pelo bem da Serra. Todo mundo sabe que eu e Vidigal reconstruímos a Serra, em 1997. Ele era o prefeito, eu o secretário de Administração, depois Finanças e Educação. Eu tomava conta da gestão, a cidade ganhou com o trabalho dos dois. Agora, com o Vidigal da Câmara Federal e eu na Prefeitura, concluindo o meu trabalho, a Serra vai ganhar muito mais.
Como a internação do prefeito e candidato à reeleição Audifax interferiu nessas eleições?
Claro que a minha internação me prejudicou muito, a minha campanha parou, enquanto o outro candidato estava nas ruas. As informações que chegavam a mim davam conta de que ele estava dizendo para os eleitores que eu ia morrer, que se sobrevivesse, estaria incapacitado para a função. Eu preferi não acreditar nisso. Um médico torcendo pela morte de um semelhante? Era impossível acreditar nessa possibilidade. O meu time só entrou em campo na metade do tempo do primeiro turno e o resultado me surpreendeu. Sou muito grato à população por isso.
A PEC 241 é o melhor caminho para evitar o colapso fiscal?
Qualquer projeto que proponha cortes na Educação e na Saúde jamais terá o meu apoio.
O senhor trouxe para o 2º turno a jornalista Jane Mary, que já trabalhou com Vidigal. Como isto mudou a campanha do senhor?
A jornalista Jane Mary trabalhou comigo na minha primeira eleição, em 2004, quando eu obtive 68,38% dos votos válidos. Ela tem um estilo de trabalho que eu comecei a apreciar mais agora, com a nova visão de mundo que eu tenho. A Jane não trabalha a desconstrução de nenhum candidato, ela foca a sua ação nas qualidades do seu cliente. Minha equipe está muito feliz com o trabalho dela.
Como o senhor avalia o apoio do ex-governador Renato Casagrande (PSB) à sua campanha?
O Casagrande é uma liderança muito respeitada na Serra, o apoio dele é muito bem vindo. Eu convivo bem com as diferenças, convivo bem com Paulo Hartung, convivo bem com o Casagrande, são duas lideranças importantes. E te digo mais: se o Vidigal não estivesse se recusando a fazer o pacto de união que eu estou propondo a ele, nós já estaríamos conversando e buscando soluções conjuntas para a Serra.
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