Consumidores de todo o Brasil, inclusive da Serra, foram surpreendidos nos últimos dias pela alta no preço do pacote de arroz em todos os supermercados. Em alguns estabelecimentos da cidade, por exemplo, o valor do produto ultrapassa os R$ 22. Pelas redes sociais, foram diversas reclamações de internautas revoltados com o transtorno, que segundo a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), deve durar por muito mais tempo. A alta do dólar e a pandemia de coronavírus são alguns dos fatores que causaram o aumento assustador.
A reportagem do TEMPO NOVO esteve em alguns supermercados da cidade para verificar as reclamações dos populares. O aumento chega a 81% em determinados locais. Em Colina de Laranjeiras, por exemplo, o pacote estava custando R$ 22 em um atacado e em outro mercado estava a R$ 18. Num supermercado de Parque Residencial Laranjeiras, o valor também era R$ 18. Em Jardim Tropical e Serra Dourada II, o aumento foi ainda maior, já que o pacote de cinco quilos chega custar R$ 22,90 em alguns estabelecimentos.
Vale destacar que o aumento ocorre durante uma crise sem precedentes, que é causada pela Covid-19 no mundo inteiro. Segundo estudos e levantamentos, muitos brasileiros estão desempregados e não conseguem uma oportunidade de trabalho facilmente, além disso muitas pessoas estão dependendo do auxílio emergencial do Governo Federal, que era R$ 600, mas agora vai diminuir para R$ 300.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, dados de uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em julho deste ano, 240 mil pessoas que moram no Espírito Santo estavam procurando emprego, mas não acharam. Com isso, quem mora na Serra, está com incertezas sobre o futuro, já que teme novos reajustes em produtos.
Margarida de Couto é umas das que já sentiram no bolso os impactos e terá que gastar menos para comprar alimentos. “Tudo está aumentando, menos nosso salário. Para pagar esses absurdos, preciso tirar de um lugar para tampar o outro. É um problema para a classe mais pobre, além disso quem depende do auxílio não vai conseguir fazer nem a compra mensal.”
Alguns consumidores conversaram com a reportagem e confirmaram os aumentos. É o caso de Cintia Fernandes: “Achei por R$ 20 num atacado e por R$ 18 em outro supermercado de Serra Sede”, explicou.
Wagner Rangel também reclamou do aumento: “Paguei R$ 18,90 no bairro onde moro”. Para Fabio de Melo, o valor pago foi ainda mais caro: “R$ 21,90 num supermercado conhecido”.
E não é apenas o arroz que sofreu reajuste nos preços. Também há reclamações do preço do óleo de soja, que antes era encontrado por pouco mais de R$ 3. O leite de caixinha também está custando mais caro.
Associação diz que pandemia e alta do dólar são os principais culpados
O TEMPO NOVO conversou com o presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), João Falqueto, que explicou os principais motivadores do aumento no preço do pacote de arroz. De acordo com ele, por conta da alta do dólar, fica mais atrativo para os produtores, vender para outros países que exportam o grão, do que para compradores nacionais que pagariam mais barato.
Outro problema é a pandemia causada pelo coronavírus. Segundo Falqueto, desde o início da crise mundial, o mundo veio às compras e “o Brasil é o celeiro do planeta”. “Houve um desequilíbrio por conta das secas, por conta da pandemia e as exportações. Tudo é um conjunto de fatores que causam a alta no mercado”, afirmou o presidente.
Ainda segundo João Falqueto, uma das medidas que poderia ser feita para diminuir o valor – que não tem previsão para baixa – seria o Governo do Estado abrir mão ou diminuir o imposto de arroz, que é 7%, mas isso não deve acontecer. “Não sei se isso aconteceria, pois quando se fala para o Estado em reduzir imposto, temos muitas dificuldades.”
O que diz o Procon da Serra?
O Procon da Serra disse à reportagem que não recebeu nenhuma denúncia sobre aumento no preço do arroz em supermercados do município. Porém, destacou que o cidadão que se sentir lesado deve acionar o Procon por meio dos e-mails: procon@serra.es.gov.br ou fiscalização.procon@serra e ainda pelos telefones: 3252 7243 / 3252 7242