Yuri Scardini
Pelo visto 2018 deve ser marcado por novos capítulos de desavenças entre Legislativo e Executivo Municipal. Isso porque, mal começou o ano e cerca de 70 pessoas, ligados a pelo menos sete vereadores, foram sumariamente exonerados da Prefeitura da Serra. Nenhuma fonte oficial confirma, mas isso se trata de desdobramentos do polêmico projeto de lei 292/2017, de autoria do Poder Executivo, que foi rejeitado pela Câmara em novembro do ano passado.
Na prática o prefeito Audifax Barcelos (Rede) está retaliando os vereadores que articularam a derrubada do PL, que entre outras coisas, previa mudanças na lógica de trabalho de várias categorias de servidores e aumento de impostos. Ao todo foram 9 vereadores tidos como os “pais” da derrubada, são eles: Aécio Leite (PT); Basílio da Saúde (Pros); Cleusa Paixão (PMN); Geraldinho Feu Rosa (PSB); Nacib Haddad (PDT); Pastor Ailton (PSC); Raposão (PSDB); Rodrigo Caldeira (Rede) e Stefano Andrade (PHS). Porém, dois deles (Nacib e Aílton) já não tinham espaço na gestão, por se tratar de parlamentares de oposição.
Com isso, a governabilidade do prefeito via Câmara pode ficar comprometida. É claro que ainda há muito para acontecer, até porque, os próprios vereadores aguardam o retorno de Audifax que está de férias. O prefeito deve recompor a base e segundo membros da gestão, dos nove “infiéis”, pelo menos dois devem fazer o caminho de volta, são eles Aécio e Basílio. Fechando a base de governo com 16 parlamentares, número limite para aprovar projetos que mexem na lei orgânica. E mesmo assim, a própria base do prefeito está internamente rachada entre vereadores que sustentam a presidente Neidia Maura e outro grupo que defende sua deposição.
O clima é de tensão. Nos corredores da prefeitura, afirma-se que o prefeito convocou todo o secretariado e deu a “orientação” para não atender aos pedidos destes 9 vereadores. Em especial de Caldeira e Stefano, vistos por membros da gestão como “os comandantes” da não aprovação do PL 292/2017, e que já vinham demonstrando certa “infidelidade”.
É importante dizer que 2018 é ano de eleição interna na Câmara, e isso é o pano de fundo de todas as instabilidades ocorridas em 2017 e deve se aprofundar em 2018. E ainda vai ser potencializado pelas eleições de outubro, onde vários vereadores deverão ser candidatos a Estadual ou até mesmo Federal. Na prática ainda vem mais trovão nessa tempestade