Depois de constatar que a Cesan vem fornecendo água com excesso de cloro para consumidores serranos, a Prefeitura da Serra prometeu denunciar a situação ao Ministério Público e cobrar explicações à Agência Reguladora de Serviços Públicos do Espírito Santo (ARSP) e à Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), as duas responsáveis por fiscalizar a Cesan.
O secretário de Meio Ambiente do município, Cláudio Denícoli, disse que deverá enviar nesta terça feira (23) ofício à Agerh e ARSP com cópia ao Ministério Público. Na última sexta-feira (19) Cláudio disse que a distribuição de água da Cesan com excesso de cloro à população era um “disparate”.
O caso veio à tona na última semana, quando a Prefeitura recebeu nota técnica da Agerh informando que os compostos trihalometanos e ácidos haloacéticos, resultantes da adição do cloro na água durante o tratamento da água captada nos rios pela Cesan, estão com valores acima do permitido pela legislação e ferindo padrões de potabilidade.
A nota da Agerh alerta que a situação representa diversos riscos à saúde da população, recomendando correção imediata do tratamento de água. O documento traz ainda a informação que o problema foi constatado no líquido vindo das Estações de Tratamento de Água (ETA’s) de Carapina, Santa Maria (ambas utilizam água captada no rio Santa Maria da Vitória) e Putiri, esta última opera com águas captadas no rio Reis Magos.
A constatação do excesso de cloro aconteceu em 2020 através do programa de monitoramento da água operado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesa). Ainda naquele ano o órgão municipal acionara a Agerh, que só na última quarta-feira (17) respondeu através da nota técnica que confirmou o problema e recomendou melhoria no tratamento da água que chega às torneiras dos moradores da Serra.
Vizinhos também podem estar sendo afetados
E não são só os moradores da Serra podem estar sendo prejudicados. É que as ETA’s Carapina e Santa Maria também atendem cidades vizinhas. A primeira ETA fornece água para toda zona norte de Vitória, que abrange os bairros entre o Canal da Passagem e o limite com a Serra. Já a segunda ETA oferta água tratada para alguns bairros de Cariacica na região da Rodovia do Contorno (BR 101).
Vale lembrar que as duas estações também abastecem boa parte dos polos comerciais e industriais da Serra, dentre eles o Complexo de Tubarão (Vale e ArcelorMittal Tubarão), um dos maiores do mundo do setor mínero-siderúrgico e pilar da economia capixaba.
Por sua vez e ETA em Putiri, atende exclusivamente bairros na região da Serra Sede até o Civit I, o que inclui também áreas comerciais e industriais relevantes para o município.
Cesan
A reportagem pediu um posicionamento da Cesan na noite da última sexta-feira (19), mas até o momento desta publicação a empresa ainda não havia se manifestado.
Comitê de bacia e ong reagem
Presidente do Comitê de Bacia do Rio Santa Maria, Gílson Mesquita, disse que irá convocar reunião extraordinária para cobrar explicações da Cesan e também da Agerh. “As reclamações dos consumidores sobre a qualidade da água oferecida pela Cesan vêm se acumulando. E não tem havido transparência na divulgação dos dados referentes a qualidade da água em 2019 e 2020 encaminhados à ANA (Agência Nacional das Águas) em face de equívocos cometidos pela gestão pública. A comunidade da Serra está sendo penalizada e os órgãos fiscalizadores, Agerh e Arsp, têm falhado nisso”, afirma.
Gílson, que também é morador da Serra e membro do Conselho Estadual de Saúde do Estado e integrante do Conselho de Meio Ambiente do município, falou que irá pedir a participação da Prefeitura na reunião pelo fato do poder público municipal ser responsável pela concessão do serviço de saneamento no território da cidade. “Vamos mover uma ação civil pública contra a Cesan por dano à saúde dentro das tutelas coletivas que ela vem prejudicando, não só na Serra mas no Estado todo”, prometeu.
Já a ong Juntos SOS ES Ambiental cobrou posicionamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama). Em resposta à ONG, a Seama disse, que a competência para fiscalizar o serviço de abastecimento de água é do município, uma vez que é uma concessão municipal.
A ONG discordou do retorno e protocolou reclamação na ouvidoria do Estado. É o que informam documentos fornecidos à reportagem pelo presidente da Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi.
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