Substâncias químicas em pátio de armazenamento da Vale estão contaminando águas que abastecem Serra, Vitória, Cariacica e Praia Grande, em Fundão. A denúncia é de produtores rurais e moradores da região de Aroaba, onde a mineradora mantém um Terminal Multimodal de Cargas. É que além do ferro-gusa, o local, que fica às margens de córrego afluente do rio Santa Maria, passou a armazenar cargas dos fertilizantes químicos ureia, KLC (cloreto de potássio) e MAP (fosfato monoamônico), mas as substâncias vazaram para o solo, estrada e caneletas de drenagem do pátio.
No último dia 11 de outubro, a fiscalização ambiental da Prefeitura esteve no local, constatou o vazamento, multou a Vale, mas não confirmou que a contaminação chegou às águas do córrego do Relógio. Mas produtores rurais e funcionários que trabalham disseram que sim.
Os produtos vêm a granel em caçambas basculantes. No pátio, após estocagem, são embarcados em trens da ferrovia Vitória-Minas e levados para o interior do país. Um funcionário que trabalha no pátio – que não terá o nome revelado – confirmou que houve carreamento de fertilizantes para o córrego.
“O rejeito desse adubo, a Vale joga no córrego. Teve matança de peixe. Não sei por qual motivo continuam o trabalho (no pátio). Nessa seca em que a gente está e a quantidade de caminhão pipa que estão usando para tirar a água e molhar a estrada, o córrego está quase seco. Ureia também cai da basculante das carretas na estrada”, diz o produtor rural Eduardo Trabach, que cria gado de leite na região.
Jozi Pimentel Neto Barcelos, cujos pais idosos nasceram e ainda moram na região, lembrou que os impactos não são apenas locais, uma vez que cerca de 3 km após o pátio da Vale, o córrego Relógio cai no rio Santa Maria. E isso é pouco acima do ponto onde a Cesan capta água para abastecer a Serra, a zona norte de Vitória e partes de Cariacica e Fundão – cerca de 600 mil pessoas -, além da planta da própria Vale e Arcelor em Tubarão. “Não pode a Vale estar lucrando, se beneficiando e os moradores prejudicados”, afirma.
Poeira na estrada castiga comunidade rural
Os problemas com as atividades da Vale em Aroaba não se restringem ao carreamento de substâncias químicas para solo e rios. Para a comunidade da região, a poeira do intenso tráfego de caminhões truck e caçambas é um prejuízo ainda maior.
“A Vale começou a usar essas carretas de uns meses para cá e só aumentou. Não estamos aguentando mais tanta poeira. Estão usando uma estrada vicinal que não é apropriada para esse tipo de transporte. A Vale precisa asfaltar, pois está prejudicando demais as pessoas”, observa o proprietário rural de Muribeca, Gustavo Lorençon Barcelos.
“É uma situação dolorosa. Essas carretas são dia e noite. Operei do coração há pouco tempo, não poderia nem estar aqui. Teve uma semana que fiquei uma hora na varanda e contei 28 carretas carregadas jogando poeira na casa da gente, sujando tudo, provocando alergias”, conta Hamilton Pupe, idoso e dono de um sítio às margens da estrada.
Vale e Naja multadas
As operações no pátio estão sendo feitas pela empresa Naja. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), em 11 de outubro fiscais flagraram um efluente vermelho e amarelo proveniente de fertilizantes ureia e KCL nas canaletas de drenagem do pátio e no solo. Embora tais canaletas caiam no córrego, a Semma disse não ter constatado presença dos produtos químicos na água do manancial.
Segundo a assessoria da Semma, Naja e Vale foram multadas. Os valores não foram informados. A reportagem não encontrou representantes da Naja. Já a assessoria da Vale não mandou resposta até o fechamento desta edição, às 18h de ontem (7).
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