Com a sinalização do Governo do Estado de que as aulas presenciais em escolas públicas da Serra e de outras cidades do Espírito Santo podem ser retomadas em setembro, os professores do município estão se unindo contra o retorno presencial. Nesta sexta-feira (21), os profissionais se uniram – de forma presencial e on-line – e realizaram manifestações em diversos municípios capixabas. Um dos atos aconteceu na sede da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), em Vitória.
Uma das professoras que participaram da manifestação, mas de forma on-line, por ser do grupo de risco, é a Fabíola Cerqueira. Ao TEMPO NOVO, ela afirmou que não concorda com a volta às aulas nesse momento. Disse ainda que o retorno colocará estudantes, profissionais da educação, funcionários da escola e suas respectivas famílias em risco de contaminação do coronavírus.
“O retorno às aulas presenciais sem que haja controle da pandemia colocará estudantes, profissionais da escola e suas respectivas famílias em risco. E não sou eu quem está dizendo, são os especialistas em epidemiologia a partir da experiência de outros países. Em nenhum país o retorno presencial foi sucesso. Porque aqui seria diferente? O protesto é simbólico. É o nosso grito de socorro. É nosso apelo para o bom senso. Em cinco meses o estado já perdeu mais de três mil vidas. Quantas mais serão necessário perder para que haja o entendimento de que estamos em meio a uma tragédia?”, indagou a moradora da Serra.
Outro profissional de educação da Serra, que também participou da manifestação de forma on-line é o Demian Cunha. Ele é membro da Frente Popular em Defesa do Direito à Educação e afirmou à reportagem que a categoria não está sendo ouvidos pela Sedu. “Teve atos na Serra, Vitória, Linhares e Aracruz. Nós estamos tentando conversar com o Estado, protocolamos uma carta, mas até agora não tivermos retorno. Está bem difícil”, disse.
Nas últimas semanas, o TEMPO NOVO ouviu pais, alunos e professores sobre o possível retorno às aulas. Todos os ouvidos pela reportagem responderam “não” para a pergunta enviada: “Você concorda com a volta às aulas neste momento?”. Os profissionais ainda relataram outros problemas que serão enfrentados pelas escolas, caso as aulas sejam retomadas. Entre eles, está a falta de estrutura: salas apertadas e com muitos estudantes em locais, que muitas vezes, recebem pouca ventilação.
Um outra preocupação dos profissionais é com o caminho dos estudantes para as escolas, já que muitos estudantes utilizam o transporte coletivo, que nos horários de picos estão sempre lotados. Muita aglomeração pode ser sinal de contaminação. E um aluno contaminado dentro da escola pode ser um grande risco para funcionários e estudantes.
“Temos muita vontade de voltar com as aulas presenciais, mas ainda estamos em dúvida. Temos algumas regiões do Estado, como o litoral Sul, por exemplo, em que temos uma transmissão acima de 1. Não é só o índice de transmissão que estamos atentos. Ainda temos uma letalidade alta, ainda temos número de pessoas que perdem a vida muito alto. Ainda estamos no dia 6, precisamos avançar um pouco mais para tomar medidas. Estamos na expectativa de que em setembro a gente possa voltar, mas ainda não posso bater o martelo”, destacou o governador Renato Casagrande na coletiva dada no início deste mês.
Casagrande ainda explicou sobre a queda na velocidade da transmissão. “Nós estamos em queda. Vamos continuar identificando muitos casos de pessoas com coronavírus no Estado até chegarmos ao número total. Os municípios estão testando mais, nós estamos crescendo o número de pessoas identificadas com a Covid-19. É importante a gente avaliar que a velocidade de transmissão está caindo e avaliar o número de óbitos, que também está caindo. Isso é uma vitória de uma batalha, temos muito pela frente ainda”, afirmou.
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