Promover sessões de cineclubismo voltadas para adolescentes e jovens periféricos a partir de filmes protagonizados por mulheres negras: esta é a proposta do projeto Cine Paredão, que será realizado da próxima quarta-feira (31) a 22 de agosto, em escolas da rede pública de ensino, projetos sociais e espaços culturais da Grande Vitória e vai ter agenda também na Serra, no Centro Cultural Eliziário Rangel, em São Diogo.
Uma realização da Casa Urbana (CASU) e da YuP! Produções, o projeto Cine Paredão foi contemplado pelo Edital 15/2022 – Seleção de Projetos de Difusão Audiovisual no Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
Os filmes selecionados propõem uma reflexão sobre o corpo feminino e as danças afrourbanas, com foco na cultura do hip-hop e nas danças criadas pelas comunidades negras de Nova York, na década de 1980. O projeto vai contemplar cinco exibições de filmes seguidas por debates com as artistas convidadas Bárbara Maia, Negana, Sarita Faustino, Gal Martins e Sayuki Mizrahi.
Entre os filmes a serem exibidos estão “NoirBLUE – Deslocamentos de uma Dança”, de Ana Pi; a série documental “Move – Quando o Corpo Coreográfico Fala pela Humanidade”, produzida pela Netflix; o primeiro episódio da série “The Beat Diáspora”, com o tema “Funk Paulista”, dirigida por Tico Fernandes; o documentário “Paris Is Burning”, de Jennie Livingston, célebre retrato da cena LGBTQIA+ nova-iorquina dos anos 1980; e um compilado de filmes sobre danças urbanas capixabas.
A estreia será no dia 31 de julho, das 10h às 12h, no Centro Cultural Eliziário Rangel, no bairro São Diogo, na Serra. Na mesma data, das 19h às 21h, será realizada uma sessão especial na Casa Urbana (CASU), no bairro Maruípe, em Vitória, coordenada pela dançarina, professora e produtora cultural Yuriê Perazzini. As demais atividades vão acontecer nos dias 02 de agosto, na EEEM Irmã Maria Horta, na Praia do Canto, e no dia 22 de agosto, no Espaço Ladeira, no Centro de Vitória.
Idealizadora do projeto, a artista-dançarina Yuriê Perazzini explica que o Cine Paredão dá continuidade às ações realizadas pela União de Dançarines do Espírito Santo (UDES). A entidade surgiu em 2005 quando ela se uniu à visual merchandiser Zênia Cáo para promover eventos de fomento das linguagens das danças urbanas, ou street dance, em diferentes regiões do Estado. “Nosso objetivo é demonstrar como as danças afrourbanas influenciam no contexto social, político, étnico, racial, de gênero e de classe na sociedade contemporânea”, comenta Yuriê.
“As sessões serão seguidas por rodas de conversas em que buscaremos o aprofundamento nas discussões sobre as danças urbanas pretas e periféricas, e sobre a presença e o protagonismo das mulheres, que muitas vezes são objetificadas, e ao mesmo tempo invisibilizadas, sob olhares machistas eurocentristas”, define a produtora.
O nome Cine Paredão é uma referência à cultura soundsystem jamaicana, onde é muito comum a instalação de diversas caixas amplificadas, empilhadas umas sobre as outras, formando um paredão sonoro. “Essa tendência da Jamaica influenciou diretamente o hip-hop e a cultura funk, ecoando para além das músicas. É um gerador de vibrações e de reflexões críticas através das mensagens transmitidas pela voz e pelos instrumentais que falam sobre as realidades vividas nas comunidades periféricas”, ensina Yuriê.
Através das exibições em ambiente escolar, a produtora visa pôr em prática a Lei nº 10.639/2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”; a Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, que torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio; e a Lei nº 14.519/2023, que estabelece o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé.
Serviço:
Projeto Cine Paredão
31 de julho
31 de julho
02 de agosto
22 de agosto
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