Não tem partido mais sortudo do que o PT não. Quando todos achavam que ele sairia das urnas estraçalhado no ES, é hoje o partido que mais vem se dando bem no governo de Paulo Hartung (PMDB). Mais até do que o próprio PMDB e do PSDB, partido do vice governador César Colnago. Os ‘companheiros’ já conseguiram vários cargos e vêm mais por aí. E não é só no Anchieta não! Aqui na Serra o PT tornou-se mais forte do que o PDT de Sérgio Vidigal e do que o PSB do prefeito Audifax.
Apesar do PT ter lançado candidato próprio ao Governo do Estado, ele atuou como força auxiliar na eleição de Paulo Hartung, pois tirou o peso do partido do colo da candidatura do peemedebista e evitou que o mesmo fosse para o palanque de Renato Casagrande (PSB). Uma prova cabal desse engajamento foi que o candidato ao Senado pelo PT, João Coser, fez campanha explícita para Hartung, em detrimento de Roberto Carlos, que era o candidato do PT.
A recompensa está vindo agora na forma de cargos comissionados, que os petistas preferem chamar de ‘ocupação de espaços’. João Coser é o secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano – Sedurb, pasta robusta do ponto de vista financeiro e por onde passam centenas de convênios com os municípios para aplicação de recursos em sistemas viários, saneamento básico, urbanização, entre outros destinos que estão no escopo do organograma da secretaria.
Coser já levou para a Sedurb um grupo de auxiliares petistas, entre eles a ex-secretária de Planejamento da Serra, Marineli Magalhães, cujo salário deve ser na casa dos R$ 21 mil.
O governador Paulo Hartung está criando a Secretaria de Trabalho e o mercado político já dá como certa a nomeação do deputado estadual petista José Nunes para ser o seu primeiro titular. A estratégia é para atender a um desejo do PDT de continuar a ter na Assembleia Legislativa o deputado Luiz Durão. Ele, que não conseguiu se reeleger, é suplente de Nunes.
Outros petistas estão na fila para serem nomeados em algum lugar; alguns com perfil técnico e outros políticos, como Roberto Carlos (cuja preferência é por um cargo federal), Lúcia Dornelas.
O PT entre Audifax e Vidigal
Como se não bastasse o êxito no cenário estadual, o PT também se dá bem na Serra. Aqui o partido ocupa a vice-prefeitura e está indo para três cadeiras na Câmara de Vereadores. Comandam as secretarias de Trabalho, Emprego e Renda e Direito Humanos, ambas na cota da indicação partidária e as de Saúde e Planejamento, que são da cota do prefeito Audifax, mas que o PT acaba se beneficiando com as nomeações de filiados para cargos de comando, principalmente na Saúde, que tem uma superestrutura.
O PT da Serra saiu das urnas com a eleição de Givaldo Vieira para deputado federal, cuja posse é agora no próximo domingo e também ocupa postos chaves na direção da Câmara de Vereadores e nas comissões internas.
É uma situação privilegiada para a eleição municipal de 2016. O partido pode optar se lança candidato a prefeito, se mantém a dobradinha com Audifax ou caminha com Vidigal.
No que tange ao ‘cerco’ feito hoje ao Diretório Municipal, está assim: Vidigal aposta na relação com Coser envolvendo Roberto Carlos. Mas não busca as bases do partido e mantém discreto contato com Givaldo. Ele evita as bases por que elas estão no governo Audifax. E Givaldo porque vem de uma relação estreita com Casagrande.
Audifax faz o inverso: está perto das bases, onde fica a sua vice Lourência, vereadores e secretários. E mantém distância calculada de Coser e Roberto Carlos.
Pode-se afirmar que o PT é hoje uma ‘noiva’ cortejada pelo atual e pelo ex-prefeito. Tanto Vidigal quanto Audifax tratam os petistas com mimos e cuidados para não criar arranhões. Ambos querem o partido no palanque.
Não há a preocupação com o desgaste que a sigla vem tendo com o escândalo da Petrobrás; isso fica no âmbito nacional. O que prevalece são as questões locais de relacionamento. E nesse quesito não se pode menosprezar o PT.