Promessas difíceis de realizar

Por Eci Scardini

As questões mais abordadas pelos candidatos e que se transformam em suas principais plataformas de trabalho são sempre as mesmas: saúde, segurança e educação. A leitura que se faz é a de que a Serra é composta de uma grande população carente e que cada vez aumenta mais, que precisa da saúde, da segurança e da educação oferecida pelo poder público.

Na outra ponta está uma população minoritária, que tem que pagar seus impostos para o poder público e oferecer à grande maioria a saúde, a segurança e a educação.

Essa tem sido a sina das últimas administrações na Serra. O que foge disso não sai do ralo social que marca o município, que o faz grande no desempenho econômico, mas pequeno na renda per capita e nos índices que medem a qualidade do ensino e da segurança.

A corda apertou o pescoço dos dois últimos prefeitos, que são os mesmos: Vidigal de 2009 a 2012 e Audifax de 2013 a 2016. A crise econômica fez reduzir a receita, e ambos continuaram sendo parcimoniosos com a ocupação irregular do solo por famílias que vêm de outros municípios e estados, aumentando a pressão sobre os serviços públicos.

As promessas que se ouvem nos carros de som que circulam pelos bairros são de arrepiar. Tem um que promete oferecer na saúde especialidades médicas, todos os exames, acabar com as filas, etc. No que tange à segurança e educação, as promessas não ficam atrás. Difícil é saber como pagar essa conta, porque receita para isso não tem e não vai ter tão cedo. O que a Serra precisa é de postos de trabalho, é voltar a crescer de forma tal, que toda a sua cadeia produtiva seja beneficiada.

Precisa é de uma nova e grande âncora para a sua economia, como foi a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), na virada das décadas de 1970 e 1980, hoje ArcelorMittal Tubarão. Precisa é de uma política e de uma relação de respeito com a classe produtiva, que os leve a ampliar seus negócios na cidade e que também atraiam outros.

O próximo duelo na Serra

A campanha eleitoral chega ao fim com a eleição no próximo dia 30 outubro, em um inédito segundo turno, envolvendo justamente os dois principais protagonistas da política local nos últimos 20 anos. Vidigal x Audifax, criador versus criatura. Ao final do mandato de quem sair vencedor desse pleito, em 2020; os dois terão completados praticamente um quarto de século comandando essa cidade. É muito tempo para uma cidade como a Serra ficar nas mãos de dois homens.

Mas a questão principal nesse momento e a pergunta que todos fazem são: quem vai ganhar a eleição? A resposta é obvia, ou é um ou é outro. Mais importante do que saber quem vai ganhar é saber o que vai fazer quem sair vitorioso das urnas.

Além de ser importante saber do vencedor o que vai fazer por essa cidade, algumas outras constatações merecem registros. O segundo turno não produziu nenhum conteúdo de discussão política que merecesse destaque não; fez é brotar promessas descabidas que nem nos áureos tempos de bonança econômica era possível cumprir, muito menos agora em um cenário de profunda crise econômica.

Outra constatação é que está chegando ao fim a era Vidigal/Audifax à frente do executivo local. Quem perder deve continuar a vida política no parlamento, como deputado federal, até descer para estadual e lá na frente nem isso mais. Quem ganhar tem uma sobrevida.

Mais uma constatação: sai o embate Vidigal x Audifax e começa Vandinho Leite x Bruno Lamas. Esses deverão ser os próximos protagonistas da luta pela Prefeitura da Serra. Se nesse ínterim um novo nome se destacar, pode ser uma cunha entre esses dois.